Guiné-Bissau. Eleitores votaram com civismo para estabilizar o país
Os cidadãos guineenses voltaram este domingo a demonstrar civismo nas assembleias eleitorais dos votos. Às seis horas de manhã já haviam os eleitores em fila à espera dea abertura das urnas para exercerem os seu direito de voto para eleger no novo Presidente da República e para tentar a estabilização política e institucional da Guiné-Bissau.
Às sete horas iniciaram efetivamente as votações em todo o território nacional, com uma boa participação dos eleitores. A célula da Monitorização da Sociedade Civil que visitou, no início, as 275 mesas de assembleias de votos garantiu que a maioria (91%), iniciou a votação na hora prevista.
O primeiro-ministro, Aristides Gomes, que curiosamente votou -- na mesa de assembleia número um, no circulo eleitoral 24, na Avenida Amílcar Cabral -- sem cartão do eleitor, asseverou que eleições presidênciais são importantes mas não irão resolver os problemas do país de um dia para o outro.
"Não são as eleições que irão resolver o problema de uma forma mágica, mas são um ato muito importante, porque vão permitir instalar um Presidente da República que irá contribuir, em principio, para a estabilização do nosso país", declarou o chefe do Governo de Bissau, apelando ao mesmo tempo aos eleitores para elegeram um novo Presidente da República que possa "conduzir o país a uma nova era democrática".
O Presidente da República cessante, José Mário Vaz, que também votou na mesa de assembleia do voto número um no circulo eleitoral 24, considerou de extrema importância a "liberdade de imprensa, de expressão e de manifestação" que a Guiné-Bissau conseguiu durante os cinco anos do seu mandato na presidência da República.
Para José Mário Vaz, "as vozes internas e externas que se levantaram contra ele não conseguiram mudar o destino do país". Em relação a aceitação dos resultados em caso da sua derrota eleitoral, o Presidente da República cessante assegurou que "o poder é do povo e que só se não fosse democrata é que recusaria os resultados" das presidênciais de 24 de Novembro 2019.
Na visão de Domingos Simões Pereira, candidato apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que votou na mesa da assembleia de voto do circulo eleitoral no Bairro de Luanda, estas eleições devem servir para virar a página para que Guiné-Bissau se encontre o caminho da normalidade constitucional e a partir dessa normalidade constitucional possa construir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento.
Em relação a uma possível segunda volta das eleições das presidenciais, o candidato apoiado pelo PAIGC garante não estar preocupado, afirmando que vai esperar pelos resultados da Comissão Nacional das Eleições (CNE) e, em caso de haver uma segunda volta, estará pronto para participar de novo no escrutinio.
Na análise do candidato apoiado pela Assembleia do Povo Unido - Partido Democratico da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nuno Gomes Nabiam, as eleições presidenciais de 24 de Novembro são de extrema importância para fazer a Guiné-Bissau sair das crises ciclicas em que está mergulhada há mais de duas décadas. Para isso, o candidato apoiado também pelo Partido da Renovação Social (PRS), liderado por Alberto Nambeia, apelou a uma votaçaõ em massa para que o país se possa sair da crise política e institucional.
Para Nuno Gomes Nabiam, "estas eleições são de paz e de estabilidade". Por isso, disse estar convicto ser o único candidato que reúne todas as condições necessárias para ganhar as eleições. Todavia, admitiu, tal não acontecerá à primeira volta. "Na primeira volta a desputa será muito renhida não haverá o vencidor. É por isso que estamos a criar consensos entre os partidos de oposição para podermos ganhar as eleições presidênciais na segunda volta", explicou Nuno Gomes Nabiam à imprensa.
Também confiante na vitória, o candidato suportado pelo Movimento Alternancia Democratica (MADEM-G15), Umaro Sissoko Embaló, disse acreditar que ganhará as eleições e prometeu ser um Presidente da República dialogante e de concordia nacional, lamentando de seguida que a imprensa esteja a ser "manipulada pela classe política na compra de consciência dos votos eleitorais".
Parco em palavras, o antigo primeiro-ministro -- que foi derrubado em 12 de Abril de 2012 -- Carlos Gomes Júnior disse estar confiante na sua vitória para tirar a Guiné-Bissau da situação da "miséria e da pobreza social" em está mergulhada há duas décadas.
As urnas fecharam às 17 horas e o Chefe da Missão dos Observadores da União Africana, Rafael Branca, considerou que estas sétimas eleições presidencias foram positivas e "uma autentica festa de transparência".