Grandes companhias contrataram vigilância privada para espiar ativistas

Documentos revelam atividades desenvolvidas nos anos 2000 por empresas especializadas na recolha de informações para firmas como a Porsche e a British Airways
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Grandes empresas pagaram para vigiar grupos políticos e ambientalistas que nos anos 2000 punham em causa as suas práticas comerciais, revelam documentos internos de duas dessas firmas especializadas.

O jornal britânico Guardian, que teve acesso aos documentos juntamente com o Consórcio de Jornalismo de Investigação, revela esta terça-feira que grandes companhias como a British Airways, a Porsche, o Royal Bank of Scotland ou a Caterpillar contrataram firmas especializadas na recolha de informações para para conhecer antecipadamente as atividades dos ativistas.

Um dos alvos foi a família de Rachel Corrie, uma estudante e ativista ambiental norte-americana esmagada por uma escavadora israelita durante protestos contra a demolição de casas palestinianas em 2003. Os familiares processaram a construtora canadiana Caterpillar por vender equipamentos que alegadamente sabia irem ser usados para aquele fim.

As centenas de documentos revelam que essa era uma prática generalizada e, segundo o Guardian, já tinha levado responsáveis da polícia a exprimir "enorme preocupação" sobre a pouco regulada e totalmente incontrolada atividade dessas firmas privadas de investigação.

Manifestantes contra a instalação de postes telefónicos foram outro grupo monitorizado por investigadores pagos por grandes companhias e que, segundo as autoridades policiais, se infiltravam nessas organizações em número superior ao dos próprios agentes da polícia à civil.

Alguns dos documentos indicam que uma dessas empresas de investigação, a C2i International, infiltrou dois dos seus funcionários para obter informação prévia sobre ações de protesto contra grandes empresas, a quem depois entregava esses dados.

Em 2008, a C2i recolheu informação sobre quem se opunha à construção de um enorme campo de golfe, hotel e apartamentos numa área ecologicamente sensível da Escócia, por uma empresa do agora presidente dos EUA, Donald Trump. Ambas as companhias escusaram-se a comentar o caso, indica o Guardian.

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