Governo insiste que referendo para independência da Catalunha é "ilegal"
A vice-presidente do Governo espanhol considerou hoje em Madrid "ilegal" e "inegociável" a realização de um referendo sobre a independência da Catalunha, criticando o presidente desta Comunidade Autónoma espanhola por estar a negociar com "radicais".
"Um referendo para a independência [da Catalunha] é inegociável", disse Soraya Sáens de Santamaria, ao mesmo tempo que acusava Carles Puigdemont de ter convocado uma cimeira com partidos minoritários e radicais em vez de levar as suas reivindicações ao parlamento espanhol, em Madrid.
O presidente da região da Catalunha convocou para esta tarde uma reunião apenas com os partidos catalães favoráveis à independência, para discutir questões relacionadas com a data em que se pode realizar o referendo e a pergunta que deve ser feita.
Foram convidados para a reunião "todas as organizações políticas com representação no parlamento regional e favoráveis ao referendo", como a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), PDeCAT (Partido Democrata Catalão), Democratas da Catalunha (democrata-cristão) ou a CUP (Candidatura de Unidade Popular, extrema-esquerda), entre outros.
Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declarar que irão organizar até setembro deste ano um referendo sobre a independência da Catalunha, mesmo sem o acordo de Madrid.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas, mas tem vindo a subir de tom nos últimos anos.
O movimento independentista ganhou uma nova intensidade a partir de 2010, quando o Tribunal Constitucional anulou o "Estatuto" da Catalunha, que desde 2006 conferia à região muitas competências e o título de "Nação".
O Governo espanhol liderado por Mariano Rajoy admitiu que a "questão catalã" é o maior desafio que Espanha enfrenta em 2017, mas espera que a retoma económica, o aumento dos investimentos em infraestruturas locais e o aumento do diálogo com a região irão permitir normalizar a situação.