Governo espanhol admite eleições antecipadas

Tomada de controlo do PdeCat por parte de Carles Puigdemont e nova liderança no PP podem impedir sucesso em votação crucial, que decorre na sexta-feira. Porta-voz do governo socialista admite convocação de eleições antecipadas.
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Em público, o governo espanhol diz que quer cumprir a legislatura. Para a ministra da Educação e porta-voz do governo, Isabel Celaá, seria "absurdo" se uma crise política obrigasse à convocação de eleições antecipadas. No entanto, admitiu esse mesmo cenário.
"Ninguém está a pensar em antecipar as eleições, mas ninguém vai resistir mais do que o razoável", afirmou Celaá.

Esta semana o governo socialista enfrenta duas votações importantes no Congresso. Na sexta-feira, é votado um aumento de 4,4% das despesas em 2019. A Catalunha será beneficiada com mais 400 milhões de euros de investimentos públicos.
A aprovação do teto da despesa é o passo anterior à discussão e votação do orçamentos do Estado do próximo ano.

Outro tema com importância política é o voto da nova administradora da televisão pública espanhola. Nomeada pelo governo, Rosa María Mateo só pode entrar em funções na RTVE com a aprovação da Câmara dos Deputados.

No entanto, o governo de Pedro Sánchez não depende apenas dos deputados socialistas, cuja bancada é formada por apenas 84 eleitos em 350 lugares. O novo governo, resultante da moção de censura que derrubou o executivo conservador de Mariano Rajoy, precisa do apoio do Unidos Podemos e dos partidos regionais PNV, PDeCAT, ERC, Compromís e Nueva Canarias.

Puigdemont afasta oposição

Acontece que da assembleia do Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCAT) que decorreu no domingo, saiu uma nova liderança, composta por David Bonvehí e Míriam Nogueras, próxima a Carles Puigdemont, o anterior presidente da Catalunha e líder do processo independentista.

A fação do partido adepta da via negocial, representada por Marta Pascal, perdeu espaço de manobra. O PDeCAT aprovou uma moção para o estabelecimento da república catalã "assim que possível".

Carles Puigdemont mostrou-se contra o voto favorável à queda do governo de Rajoy. Foi Marta Pascal quem estabeleceu a ponte com os socialistas.

Neste novo contexto, realizou-se em Madrid uma reunião preparatória entre a ministra da Política Territorial, Meritxell Batet, e o conseller das Relações Exteriores Ernest Maragall para preparar a primeira reunião da comissão bilateral entre a Generalitat e o Estado.
Maragall levou dois temas para a agenda que foram rejeitados de pronto: o referendo sobre a autodeterminação e os políticos presos.

Também a porta-voz do governo catalão, Elsa Artadi, valorizou a importância dos oito deputados dessa formação catalã no Congresso. "Pedro Sánchez não poderia ser presidente sem o apoio do PDeCAT e isso significa que os seus votos são essenciais e devem ser tomados em linha de conta, em coerência com as relações entre a Catalunha e o Estado", afirmou na segunda-feira.

Negociações ou chantagem?

Já na terça-feira, perante a hipótese de o governo poder decidir-se pelas eleições antecipadas, Artadi voltou à carga: "Apostamos na estabilidade do governo espanhol desde que caminhe para as negociações no sentido de uma negociação política."
Uma mensagem que pode ser lida como uma chantagem, como fez, por exemplo, o El Mundo.

Carles Puigdemont marcou uma conferência de imprensa para quarta-feira, em Berlim. Altura em que poderá clarificar qual o rumo a dar ao seu partido, quer em Madrid, na Câmara dos Deputados, quer em Barcelona, no seio da Generalitat.

Por outro lado, o novo presidente do Partido Popular, Pablo Casado, já fez saber que não está disponível para aprovar o aumento de despesas públicas.

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