Foi palco de fugas e tanques, mas o Checkpoint Charlie ainda procura um destino digno
Aqui ficam cinco coisas importantes a saber sobre o famoso posto de controlo, que aparece, por exemplo, no filme de James Bond 007, Operação Tentáculo de 1983:
Alfabeto da NATO
O posto fronteiriço foi estabelecido pelos Aliados em setembro de 1961, coincidindo com a construção do Muro de Berlim, que separou a capital alemã durante quase 30 anos entre a sua parte comunista, no leste, e a sua metade ocidental. O nome é devido ao alfabeto fonético da NATO, Checkpoint C, como Charlie.
Até a reunificação do país, em 1990, era o ponto de passagem mais importante para estrangeiros e diplomatas. Também foi um local de troca de prisioneiros.
O Checkpoint Alpha (A), o ponto de passagem mais importante entre os dois blocos, estava localizado em Helmstedt, e o Checkpoint Bravo (B) ficava em Dreilinden, na entrada de Berlim Ocidental.
O Checkpoint Charlie foi palco de várias tentativas ousadas de alemães de fugir do leste para o ocidente que até inspiraram filmes.
Por fim, representava a única abertura no muro de betão e arame farpado que separava a cidade.
Em abril de 1962, o austríaco Heinz Meixner conseguiu passar pelo posto de controlo ao volante de um descapotável com a sua noiva de Berlim Oriental e a sua futura sogra. Ele conseguiu reduzir tanto a altura do veículo que passou por baixo da barreira e quando os guardas perceberam já estava do outro lado.
Todos os berlinenses conheciam o seu rosto, que aparece em milhões de fotos de recordações.
O soldado cujo retrato é visto hoje no antigo Checkpoint Charlie é um ex-músico que tocava tuba no exército americano chamado Jeff Harper. Tinha 22 anos quando foi fotografado para uma série de comemorações dos últimos soldados aliados em Berlim em 1994.
O seu retrato foi posteriormente escolhido para ser exposto no local, junto ao de um soldado soviético.
A 27 de outubro de 1961, dezenas de tanques e soldados enfrentaram-se duranter 16 horas após um problema sobre a livre circulação de cidadãos de países aliados entre as duas partes da cidade.
Os soviéticos queriam registar um diplomata norte-americano que desejava entrar em Berlim Oriental, contra os acordos então vigentes.
O presidente americano John F. Kennedy e o líder soviético Nikita Kruschev finalmente deram a ordem para remover os tanques antes que o incidente provocasse uma nova guerra.
Após a reunificação alemã, o Checkpoint Charlie foi transformado numa espécie de parque temático sobre a Guerra Fria, onde os vendedores de lembranças ofereciam chapéus típicos da Rússia, máscaras de gás de plástico ou soldados de brinquedo americanos. Era um local imperdível para quem visitava Berlim.
A câmara não gostava muito do comércio, que começou a cercar o local, e debate há muitos anos o destino que deveria ser dado ao ponto emblemático.
O projeto mais recente é a construção de pequenos edifícios nos quais 30% das casas serão de moradias sociais, uma praça pública e um verdadeiro museu da Guerra Fria.