Exército sírio diz que coligação bombardeou armazém de químicos do Daesh

A informação foi desmentida de forma categórica pelo grupo ativista Deir al Zur 24. Alegado ataque terá causado centenas de mortos

O exército sírio denunciou hoje um suposto bombardeamento pela coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos, de um armazém pertencente ao grupo radical Estado Islâmico que continha substâncias químicas no norte da Síria, que teria provocado centenas de mortos.

A informação foi desmentida de forma categórica pelo grupo ativista Deir al Zur 24, que tem elementos na província em que o exército sírio alega ter acontecido o suposto bombardeamento, Deir al Zur.

"Essa notícia é falsa", afirmou à agência espanhola Efe, Omar Abu Leila, membro do Deir al Zur 24.

O comando-geral das Forças Armadas (FA) sírias informou, num comunicado divulgado pela agência síria de notícias, SANA, que o presumível ataque aconteceu esta quarta-feira num armazém do Estado Islâmico (EI), onde eram guardados produtos tóxicos, na aldeia de Hatala, a este de província de Deir al Zur, no nordeste do país.

O suposto ataque terá causado centenas de mortos, incluindo civis, de acordo com o comunicado.

O exército sírio informou que o ataque decorreu entre as 17:30 e as 17:30 hora local (14:30 - 14:50 hora TMG), que provocou uma nuvem branca, que a seguir evoluiu para uma cor amarela, depois da explosão do armazém com as substâncias químicas.

Um incêndio na zona prolongou-se depois até às 22:30 hora local (19:30 TMG), o que fez com que centenas de pessoas morressem por inalação de gases tóxicos, explica o comunicado.

O comando-geral das FA sírias sublinhou que havia um grande número de "mercenários" estrangeiros do Estado Islâmico no local.

Os factos demonstram, segundo o texto do comunicado, que "a coordenação entre as organizações terroristas e as forças que as apoiam para falar em pretextos e acusar o Exército Árabe da Síria do uso de armas químicas".

O exército sírio sublinha que este ataque confirma que grupos terroristas como o EI e a Frente al Nusra (atual Frente da Conquista do Levante) possuem este tipo de armamento e "têm capacidade de consegui-lo, transportá-lo, armazená-lo e utilizá-lo com a ajuda de Estados conhecidos na região".

O texto reitera que o exército sírio "não possui nenhum tipo de armas químicas nem as utilizou" e advertiu para o "perigo de organizações terroristas utilizarem armamento químico contra civis, em especial depois das mensagens recentes e da cobertura que lhes foi dada para que fiquem impunes".

No inicio da semana passada, um bombardeamento químico por aviões de guerra não identificados em Khan Cheikhoun, no norte da Síria, provocou 72 mortos, incluindo 20 crianças.

O Governo de Damasco e a oposição culparam-se mutuamente pelo ataque àquela localidade na província de Idlib, uma região controlada maioritariamente pelos rebeldes e fações islâmicas.

Na sequência do ataque de Khan Cheikoun, os Estados Unidos lançaram um raide de 59 mísseis de cruzeiro contra uma base aérea síria de onde teriam saído os aviões que lançaram o ataque químico na província de Idlib.

As tensões entre os Estados Unidos e a Rússia não têm parado de aumentar desde o primeiro incidente, na terça-feira da semana passada.

O próprio Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou esta quarta-feira que a relação Washington/Moscovo pode ter atingido o "ponto mais baixo de sempre". Um tom que foi mantido por Rex Tillerson após um longo dia de conversações com Moscovo, no âmbito da sua primeira visita oficial à Rússia.

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