Ex-dirigentes da operadora da central nuclear declaram-se inocentes

Os três ex-dirigentes da operadora da central japonesa de Fukushima Daiichi, acusados de não terem tomado as medidas necessárias para evitar o acidente nuclear, declararam-se hoje inocentes e pediram desculpa no arranque do julgamento.
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Este é o primeiro processo penal contra antigos executivos da operadora relacionado com o desastre provocado pelo forte sismo seguido de 'tsunami' de 11 de março de 2011.

"Peço desculpas pelas consequências deste acidente tão sério", afirmou Tsunehisa Katsumata, de 77 anos, à data presidente da Tokyo Electric Power (TEPCO), apesar de acrescentar que "era impossível de prever", segundo declarações reproduzidas pela agência noticiosa japonesa Kyodo.

No tribunal distrital de Tóquio, estão a ser julgados ainda os ex-vice-presidentes da TEPCO Sakae Muto e Ichiro Takekuro, de 66 e 71 anos, respetivamente, que também pediram desculpas e declararam entender que não deviam ser responsabilizados criminalmente porque não podiam antecipar o desastre.

Este julgamento, que se prevê que dure pelo menos até ao início do próximo ano, procura determinar a responsabilidade dos três executivos da operadora e comprovar se teria sido possível evitar o acidente nuclear, o pior desde Chernobyl (Ucrânia) em 1986, que ainda mantém deslocadas milhares de pessoas que residiam perto da central de Fukushima.

Os três ex-dirigentes foram formalmente acusados em fevereiro de 2016 por não terem tomado as medidas necessárias e/ou suficientes apesar de estarem cientes do risco de ocorrência de um 'tsunami' pelo menos dois anos antes de ter acontecido.

As acusações de que são alvo encontram-se relacionadas designadamente com a morte de pessoas, já doentes, que viviam perto da central e foram retiradas precipitadamente da zona e acabaram por falecer.

As operações de evacuação conduzidas de urgência, sem preparação, causaram em concreto a morte de 44 pessoas no hospital de Futaba, além de ferimentos em 13 militares e funcionários da TEPCO.

Em comunicado, a organização ambientalista Greenpeace congratulou-se com o início do processo contra os três antigos executivos da TEPCO, considerando-o um "passo histórico para conseguir justiça" para os sobreviventes do desastre nuclear.

O maremoto de 11 de março de 2011 fez 18.500 vítimas mortais, mas o desastre nuclear não é apontado como tendo sido a causa direta de morte de ninguém.

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