Ex-diretor do FBI vai testemunhar que Trump o pressionou a encerrar investigação da Rússia
O ex-diretor do FBI James Comey, que foi demitido no início deste mês pelo presidente dos Estados Unidos, vai confirmar, num testemunho perante o senado, que Donald Trump o pressionou para encerrar as investigações de conluio entre a campanha do republicano e a Rússia, segundo a CNN.
O canal avança que Comey poderá testemunhar esta semana mas que ainda não há uma data definitiva. Comey vai falar perante o Comité de Inteligência do Senado, que investiga as alegadas ligações entre membros da campanha presidencial de Donald Trump e agentes russos.
Segundo uma fonte próxima, Comey já falou com Robert Mueller III, o conselheiro especial escolhido pelo departamento de justiça para investigar este caso polémico que tem assombrado a campanha e a presidência de Donald Trump. A conversa privada serviu para Comey se certificar de que deste testemunho não vão resultar problemas legais.
O ex-diretor do FBI não deverá revelar detalhes sobre os resultados da investigação à alegada interferência da Rússia nas eleições de 2016, mas sim falar sobre as conversas que teve com Donald Trump antes do seu despedimento.
Desde o afastamento de Comey, a 9 de maio, têm sido divulgados pela imprensa norte-americana relatos de que Donald Trump pediu ao ex-diretor do FBI para encerrar a investigação a Michael Flynn, que foi assessor do Presidente para a Segurança Nacional durante cerca de um mês.
"Ele é um bom homem. Deixe isto", terá dito Trump a Comey, que se terá limitado a concordar com a primeira parte. "Concordo que é um bom homem", terá dito o ex-diretor do FBI.
Estes relatos terão como base um memorando escrito por Comey imediatamente após a reunião, em que é detalhada a conversa com Trump. O memorando fará parte de uma espécie de arquivo que o ex-diretor do FBI estava a criar, devido ao que pensava ser uma interferência clara do Presidente numa investigação que estava a decorrer.
De acordo com a CNN, espera-se que Comey confirme estes relatos durante o seu testemunho.
A imprensa norte-americana avançou também este mês que Donald Trump disse a responsáveis russos que despedir James Comey aliviou a "grande pressão" que estava a sentir por causa da investigação do FBI.
"Acabei de demitir o líder do FBI. Ele era maluco, um verdadeiro louco", terá dito Trump numa reunião na Casa Branca com o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, e com o embaixador da Rússia em Washington, um dia depois de despedir Comey.
"Estava a enfrentar uma grande pressão por causa da Rússia. Isso foi retirado", acrescentou. "Não estou sob investigação", terá afirmado o presidente.
O despedimento de Comey foi criticado por democratas e republicanos e comparado a uma jogada do ex-presidente Richard Nixon, que tentou travar as investigações ao polémico caso Watergate despedindo um procurador especial.
Perante este tumulto judicial que envolvia o presidente, o departamento de justiça norte-americano nomeou o ex-diretor do FBI Robert Mueller como conselheiro especial. Mueller dirige agora a investigação à alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.
Horas depois, Donald Trump escreveu no Twitter que esta é a "maior caça às bruxas de um político da história norte-americana". Antes, Trump já tinha afirmado que "nenhum político na história (...) foi tratado de pior maneira ou de forma mais injusta".
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