Europa tem 6 a 8 semanas para resolver crise dos refugiados

Dinamarca vai mudar campos de acolhimento para fora das cidades e foi chamada a Estrasburgo para dar explicações. Grécia impõe indicação de destino final a quem entra no país

A União Europeia poderá desintegrar-se se os seus membros não alcançarem nos próximos meses uma postura comum em relação à crise dos refugiados e consequentes desafios de segurança. Esta é a ideia que tem sido transmitida por vários líderes europeus no Fórum Económico Mundial, que está a decorrer na estância suíça de Davos. Na opinião dos primeiros-ministros da Holanda e da Suécia, a Europa tem uma janela de cerca de dois meses para resolver a situação.

"Temos seis a oito semanas", declarou ontem o líder do governo holandês, Mark Rutte, afirmando acreditar que o espaço Schengen poderá ser salvo, mas que para isso os Estados membros têm de concordar num mecanismo para substituir o falhado sistema de Dublin, que diz que os refugiados têm de pedir asilo no país comunitário de entrada.

Uma opinião partilhada pelo líder do executivo sueco. "Sim, penso que essa é a previsão", afirmou ontem Stefan Löfven. "Sabemos que, muito provavelmente, quando chegar a primavera o número de refugiados vai aumentar outra vez", prosseguiu o governante.

"Não sou ingénuo", disse Löfven, quando questionado sobre as perspetivas de um rápido entendimento. "O meu argumento para os países que não estão dispostos a aceitar refugiados é de que se não conseguimos lidar com isto a UE está em risco. Se não o conseguirmos Schengen está em risco."

Já para o primeiro-ministro francês, também em Davos, a crise de refugiados e o desafio da segurança são ameaças para a União Europeia. "O projeto europeu pode morrer, não em décadas ou anos, mas muito rapidamente, se formos incapazes de fazer face ao desafio da segurança", declarou Manuel Valls. Igualmente no Fórum Económico Mundial, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou que a Europa tem de perceber que resolver esta crise irá "custar muito mais" do que o calculado.

Efeito dominó

A Áustria anunciou na quarta-feira que planeia limitar, nos próximos quatro anos, o número de pessoas autorizadas a pedir asilo para 1,5% da população do país. Decisão seguida por Eslovénia e Croácia.

A Dinamarca, por seu lado, está a ponderar deslocar os migrantes para campos fora das cidades, estratégia que o Partido Popular Dinamarquês (anti-imigração e eurocético) espera que mude o sentido da política de imigração do governo da integração para o repatriamento. Copenhaga, que recebeu em 2015 um número recorde de 20 mil migrantes, tem sido criticada devido às suas propostas para apertar as leis sobre imigração, incluindo usar os bens dos refugiados para pagar a sua estada e atrasar reuniões familiares durante três anos.

O executivo de Copenhaga foi convocado, na segunda-feira, para comparecer na comissão de Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos do Parlamento Europeu para defender as suas reformas. A votação é terça-feira.

Do lado de Atenas também há novidades. Os refugiados que chegam à Grécia, umas das maiores portas de entrada para a Europa, terão de passar a indicar o seu destino final de forma a seguir viagem dentro do espaço comunitário.

Com esta medida não está claro se os refugiados serão barrados dependendo do seu destino final. Na quarta-feira, a Sérvia anunciou que iria proibir a entrada de refugiados, a menos que estes pretendam pedir asilo à Áustria ou à Alemanha.

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