Presença diplomática em Cuba reduzida devido a ataques acústicos
Embaixada de Havana passará a ser considerada um posto diplomático e os funcionários não podem ser acompanhados pelas famílias
Os Estados Unidos anunciaram hoje a redução definitiva da sua presença diplomática em Cuba, confirmando uma decisão provisória tomada após uma série de misteriosos ataques com frequências acústicas contra diplomatas norte-americanos.
Washington chamou no fim de setembro mais de metade do pessoal da sua embaixada em Havana, que funciona desde então com um número muito reduzido de empregados, e mesmo as famílias dos diplomatas que ficaram tiveram de abandonar a ilha das Caraíbas.
Mas esta decisão administrativa era apenas temporária e o seu prazo expiraria no domingo, razão pela qual o departamento de Estado norte-americano indicou em comunicado que, a partir de segunda-feira, um novo "estatuto permanente" entrará em vigor.
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A embaixada de Havana passará a ser considerada um posto diplomático cujos funcionários não podem ser acompanhados pelas respetivas famílias e "continuará a operar apenas com o pessoal estritamente indispensável para levar a cabo as tarefas diplomáticas e consulares prioritárias", precisou o departamento de Estado.
A presença norte-americana em Cuba vai, assim, manter-se igual à que estava em vigor desde o final de setembro.
Paralelamente, o Governo reiterou o seu apelo aos cidadãos norte-americanos para que evitem deslocar-se a Cuba, devido a esses "ataques cirúrgicos" que visaram diplomatas norte-americanos colocados na capital, causando-lhes perda de audição, vertigens, insónia ou ainda problemas de visão.
"Ainda não temos respostas definitivas quanto à origem ou causa dos ataques" e o inquérito está ainda em curso, indicou o departamento de Estado.
Havana desmente formalmente qualquer envolvimento no caso, e o diretor-geral encarregado dos Estados Unidos no Ministério dos Negócios Estrangeiros cubano, Carlos Fernández de Cossio, afirmou hoje tratar-se de uma decisão de Washington "de carácter político e que nada tem que ver com a segurança do pessoal oficial norte-americano" em Cuba.
No total, 24 diplomatas norte-americanos foram afetados por estes misteriosos ataques, entre o final de 2016 e o verão de 2017.
Sem saber quem são os autores, os Estados Unidos consideram as autoridades cubanas responsáveis, em última análise por não terem conseguido garantir a segurança dos diplomatas.
Esta crise interrompeu o degelo diplomático iniciado sob a presidência de Barack Obama e travada pelo atual Presidente, Donald Trump, logo desde a sua chegada ao poder, em janeiro de 2017.