EUA outra vez a ferro e fogo. Quem é o adolescente branco que disparou sobre os manifestantes?
Depois de um homem negro ter sido baleado sete vezes nas costas este domingo por um policia em Kenosha, no estado norte-americano Wisconsin, pessoas irritadas com a violência policial manifestaram-se na cidade durante os últimos dias.
Na terceira noite de manifestações, um adolescente de 17 anos supostamente disparou sobre os manifestantes, matando dois e ferindo gravemente um terceiro.
Na quarta-feira, o jovem foi preso na casa da mãe e agora enfrenta uma acusação de homicídio de primeiro grau.
Vídeos indicam que ele passou vários horas na terça-feira a patrulhar as ruas antes de apontar uma arma aos manifestantes, tendo dito a jornalistas que era "o seu trabalho" vigiar edifícios e até oferecer assistência médica aos manifestantes.
Segundo a BBC, o adolescente em causa é Kyle Rittenhouse, fascinado pela polícia há 17 anos e que tem no Facebook uma fotografia com a moldura com logotipo "Blue Lives Matter", um movimento pró-polícia que frequentemente entra em conflito com os apoiantes do movimento Black Lives Matter.
Várias das seus publicações homenageiam polícias mortos em serviço, exibindo também fotos do próprio vestido com um uniforme completo de polícia. Rittenhouse é um ex-membro de um programa de cadetes da polícia local, diz o Departamento de Polícia de Grayslake.
As armas são outra das suas paixões, tendo várias fotografias a posar com armas e a praticar tiro ao alvo.
Numa entrevista concedida esta terça-feira à noite, antes do tiroteio, Rittenhouse disse que parte do seu trabalho "também é proteger as pessoas". "Se alguém se magoar, estou a correr perigo", frisou.
Mais tarde, surge um vídeo que o mostra a disparar sobre a cabeça de um homem, tendo sido perseguido por uma multidão antes de cair no chão e disparar sobre os manifestantes.
A polícia acabou por prendê-lo em Antioch, no estado de Illinois, que fica a cerca de 24 km de Kenosha.
As contas do suspeito nas redes sociais sugerem que é apoiante do presidente Donald Trump.
Um vídeo mostra-o a torcer na primeira fila de um comício em Iowa durante a campanha de reeleição do presidente. O seu perfil do Instagram também refere "Trump 2020".
Um porta-voz deTrump disse ao BuzzFeed News que o adolescente "não teve nada a ver com a campanha". "O presidente Trump tem repetidamente e consistentemente condenado todas as formas de violência e acredita que devemos proteger todos os americanos do caos e da ilegalidade. Apoiamos totalmente a nossa fantástica aplicação da lei através da ação rápida neste caso", acrescentou.
Antes dos protestos, um grupo do Facebook chamado Kenosha Guard fez uma "chamada às armas" para os seus membros.
Os membros teriam discutido quais as armas e que tipo de dano iriam inflingir aos carros dos manifestantes.
Vários utilizadores alertaram o Facebook que o grupo estava a incitar à violência, mas foram informados de que a publicação não violava os padrões da plataforma, relata a Verve.
Porém, a publicação acabou por ser removida após o tiroteio desta terça-feira à noite. "Neste momento, não encontramos evidências no Facebook que sugiram que o atirador seguiu a página Kenosha Guard ou que ele foi convidado para a página do evento que o grupo organizou", disse o Facebook à Verve.