Embaixador dos EUA rapa bigode que gerou polémica na Coreia do Sul

Harry Harris, embaixador norte-americano na Coreia do Sul desde 2018, decidiu pôr fim à polémica que o rodeava há meses, devido ao bigode que envergava. Críticos dizem que imagem do diplomata traz recordações sobre o passado colonial do país.
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Meses após um debate aceso sobre o significado dos pelos faciais que exibia, um embaixador norte-americano na Coreia do Sul decidiu rapá-los, pondo fim à polémica sobre o passado colonial do país. Harry Harris fez questão de gravar o momento em vídeo, onde justifica a decisão com o desconforto que a máscara facial de proteção contra a covid-19 provoca sobre o bigode, escreve a BBC. "Sinto-me muito mais tranquilo agora", admitiu.

No início deste ano, o embaixador começou a ser comentado entre políticos sul-coreanos e outras figuras públicas do país sobre o bigode que envergava. Os críticos diziam que a imagem de Harry Harris trazia memórias dolorosas sobre o passado colonial da Coreia do Sul, entre 1910 e 1945, altura em que os governadores japoneses exibiam este mesmo estilo. Líderes militares japoneses como Hideki Tojo, Sadao Araki e Shunroku Hata. Alguns estudiosos avançam que o bigode era apenas um estilo comum entre diversos líderes regionais na época, incluindo Chiang Kai-shek, líder do governo nacionalista da China entre 1928 e 1949.

Em defesa, o representante dos EUA na Coreia do Sul disse tratar-se apenas de um preconceito sobre a sua herança, enquanto filho de um oficial da Marinha norte-americana e de uma japonesa. "Por algum motivo, o meu bigode tornou-se um ponto de fascínio aqui. Fui criticado na comunicação social, especialmente nas redes sociais, por causa da minha origem étnica, porque sou nipo-americano", disse, segundo a BBC.

Embaixador na Coreia do Sul desde 2018, Harry Harris, um almirante da marinha aposentado, lembra que só decidiu cultivar esta imagem para marcar a sua "nova vida como diplomata", tendo passado a maior parte da sua carreira naval, de 40 anos, de rosto barbeado. Em entrevista ao Korea Times, explicou que só retiraria o bigode se tal "prejudicasse o relacionamento" (entre os EUA e a Coreia do Sul).

Por isso, durante o fim de semana, resolveu ir até uma barbearia em Seul, a capital, e ver-se finalmente livre da polémica. Ainda que tivesse justificado a decisão com uma alternativa mais prática e confortável, no verão, para utilizar a máscara recomendada contra a covid-19.

No entanto, nem só o bigode que exibe faz de Harry Harris um ator polémico neste país. O embaixador já tinha levantado ondas depois de pedir um reforço das forças armadas e a adoção de uma mudança na abordagem que o país tem com a vizinha Coreia do Norte. Por isso, em dezembro do ano passado, já o Korea Times começava a levantar a discussão em torno do bigode, utilizado como mote para a crítica principal, dizendo que o diplomata "se associou à mais recente imagem americana de ser desrespeitoso e até coercivo em relação à Coreia".

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