Eleição de Bolsonaro pode ser suspensa por Tribunal Eleitoral

Juízes julgam esta terça-feira duas ações contra o presidente do Brasil interpostas pelos candidatos Marina Silva e Guilherme Boulos. Em causa, ataque <em>hacker </em>a grupo de mulheres. No limite, caso pode significar eleições extraordinárias.
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil analisa esta terça-feira (9 de junho) duas ações contra as candidaturas de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão a presidente e vice-presidente da República em 2018. No limite, os dois podem ter as suas eleições suspensas e ficar inelegíveis por oito anos. Nesse caso, seriam convocadas eleições diretas extraordinárias para escolher os substitutos que governariam até 2022.

Em causa, um ataque virtual de hackers ao grupo de mulheres formado na rede social Facebook sob o nome "Mulheres Unidas Contra Bolsonaro", que reunia 2,7 milhões de pessoas. Após o ataque, ocorrido em setembro, a um mês das eleições, o coletivo teve o seu nome alterado para "Mulheres com Bolsonaro #17", passando a partilhar manifestações de apoio ao candidato Bolsonaro que concorria sob o número 17.

"Obrigado pela consideração, mulheres de todo o Brasil", chegou a comentar Bolsonaro nas redes sociais. Para os autores da ação, os também candidatos àquele sufrágio, Marina Silva, do Rede Sustentabilidade, e Guilherme Boulos, do PSOL, essa é a prova de que o hoje presidente da República estava a par do ataque.

Dos sete membros do TSE um já votou contra a pretensão de Marina e Boulos. Foi Og Fernandes, membro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nas próximas horas votam os outros seis magistrados do TSE, três deles membros do Supremo Tribunal Federal (STF), dois advogados nomeados pelo presidente da República e mais um elemento oriundo do STJ.

Além destas duas ações, correm ainda mais seis no TSE contra Bolsonaro e Mourão, relativas ao alegado uso de fake news, com julgamento ainda por agendar. Duas delas foram apresentadas pela candidatura derrotada por Bolsonaro na segunda volta, liderada por Fernando Haddad, e mais duas por Ciro Gomes, o terceiro classificado no sufrágio.

Essas ações, causam mais preocupação ao Palácio do Planalto por decorrerem em paralelo inquéritos à questão das fake news no STF, para apurar ataques aos seus juízes, e no Congresso Nacional, cujo foco de investigação é a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições.

Um dos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, é tido como líder de um grupo chamado na imprensa de "gabinete do ódio" que se especializou em ataques virtuais e na propagação de fake news. Foi por causa desse e de outros casos envolvendo a sua família que o presidente da República alegadamente decidiu interferir no comando da polícia federal, como acusa Sérgio Moro, ex-ministro da justiça.

Caso essa acusação seja dada como provada, Bolsonaro pode ser denunciado formalmente, cabendo depois aos 518 deputados a decisão sobre a continuidade ou não dessa denúncia e o seu consequente afastamento.

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