El Salvador elege novo líder entre a violência dos bandos armados e a pobreza

Sondagens são vantagem a Nayib Bukele, ex-presidente da câmara de San Salvador, que poderá quebrar o bipartidarismo no país.
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Perto de 5,2 milhões de salvadorenhos estão registados para eleger hoje os próximos presidente e vice-presidente do país da América Central, entalado entre a violência do crime organizado e a pobreza que atinge a maioria da população.

A próxima dupla presidencial deverá iniciar o mandato em 1 de junho até 31 de maio de 2024, com as sondagens a fornecerem vantagem a Nayib Bukele, antigo responsável pelo município da capital, que tentará travar o contínuo êxodo da população em busca de uma vida melhor, num país onde diversos antigos presidentes são acusados de corrupção.

Segundo as sondagens, os salvadorenhos vão decidir entre o antigo presidente da câmara municipal de San Salvador, 37 anos, apoiado pelo partido conservador Grande Aliança para a Unidade Nacional (Gana) e o milionário empresário de supermercados Carlos Calleja, 42 anos, apresentado pelo partido de direita Aliança Republicana Nacionalista (Arena).

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Hugo Martínez, candidato do partido de esquerda Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), do presidente cessante Salvador Sánchez Cerén, surge nas sondagens em terceiro lugar, após uma década no poder da antiga guerrilha da FMLN.

FMLN e Arena têm-se revesado no poder em El Salvador desde o fim da guerra civil, em 1992.

O candidato de esquerda aguarda, no entanto, uma "remontada" durante a votação, devido à promessa em prosseguir os programas sociais dirigidos aos mais pobres, para além de ter denunciado uma "campanha suja" contra a sua candidatura por 'media' digitais.

Caso nenhum dos candidatos obtenha hoje a maioria dos sufrágios será organizada uma segunda volta em 10 de março entre os dois mais votados. No entanto, os institutos de sondagens consideram esta hipótese pouco provável.

A segurança no escrutínio será assegurada por 23 mil polícias e cerca de 15 mil soldados, mobilizados durante o final da semana, num país também sistematicamente exposto a violentos fenómenos naturais.

Segundo as sondagens, os eleitores colocam a violência mortífera dos bandos criminais no topo das preocupações, seguidas da situação económica e o desemprego.

Em 2018 registaram-se 3340 mortes violentas (51 por cem mil habitantes), que coloca El Salvador, apesar de uma redução em 15% dos homicídios face ao 2017, entre os países mais violentos do mundo fora das zonas de guerra.

Segundo as autoridades, a maioria destas mortes são provocadas pelos bandos criminosos que agrupam 70 mil membros, dos quais 17 mil estão detidos.

A economia, onde predomina o dólar como moeda corrente, registou em 2017 o maior crescimento dos últimos cinco anos (2,6%), mas insuficiente para compensar o crescimento da população ativa e revalorizar os salários, quando 30,3% dos 6,6 milhões de salvadorenhos vivem abaixo do limiar da pobreza.

O salário mínimo mensal ronda os 300 dólares (261 euros), que apenas garante algumas necessidades básicas. Confrontados com a miséria e o terror dos bandos armados, com ligações ao narcotráfico e à imigração clandestina, mais de três mil salvadorenhos optaram por integrar as "caravanas" que seguiram por estrada em direção ao "sonho americano", mas que para a larga maioria não se concretizou.

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