Dois mortos. Merkel assume que tiroteio na Alemanha foi um "atentado"
A chanceler alemã, Angela Merkel, classificou como um "atentado" o tiroteio ocorrido perto de uma sinagoga em Halle, no leste da Alemanha, que fez pelo menos dois mortos e dois feridos graves. Foi detido um suspeito, um alemão de 27 anos.
O ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, foi mais longe nas palavras, afirmando que o tiroteio constitui um "ataque antissemita" provavelmente perpetrado por um simpatizante de um movimento de "extrema-direita".
Na rede social Twitter, o porta-voz da chanceler, Steffen Seibert, informou que Angela Merkel está a acompanhar "o desenvolvimento dos factos após o atentado de Halle" e que expressa a sua "solidariedade a todos os judeus pelo feriado [religioso judaico] Yom Kipur", assinalado entre terça-feira e esta quarta-feira.
"No atual estado de coisas, devemos partir do princípio de que se trata de um antissemita", referiu, por sua vez, Horst Seehofer, num comunicado, acrescentando que a justiça suspeita de um ato de "extrema-direita".
A polícia de Halle levantou, entretanto, o estado de alerta acionado após o tiroteio, informando que a população daquela cidade está novamente autorizada a sair para as ruas.
"O perigo para a população não é mais considerado como alto", informaram as forças policiais locais no Twitter. "Ainda estamos no local com um dispositivo importante. Podem regressar às ruas, os alertas estão levantados", acrescentou a polícia.
O ataque ocorreu ao fim da manhã quando um homem fortemente armado tentou entrar numa sinagoga em Halle.
O jornal francês Le Monde revela que o autor do ataque filmou e difundiu o atentado em direto através da Internet. As imagens terão sido filmadas por um telemóvel fixado no capacete que usava. O vídeo apresenta, igualmente, um manifesto do atirador onde explica as suas motivações "com uma retórica violenta antissemita e antifeminista".
Entre 70 a 80 pessoas estavam no interior da sinagoga no momento do ataque. A polícia de Halle confirmou, entretanto, uma detenção.
A Procuradoria-geral da Alemanha, que tem competências na área da luta antiterrorista, assumiu a investigação.
O Governo de Israel condenou o tiroteio nos arredores de uma sinagoga, na Alemanha, considerando que se trata de mais um exemplo do antissemitismo europeu, num dia sagrado para os judeus.
"O ataque terrorista contra a comunidade judaica em Halle, Alemanha, no dia mais sagrado da nossa nação (o Yom Kipur), é mais uma manifestação de antissemitismo na Europa", disse o primeiro-ministro interino de Israel, Benjamin Netanyahu.
"Em nome do povo de Israel, envio as minhas condolências às famílias das vítimas e os meus melhores votos aos feridos", disse Netanyahu, que instou as autoridades alemãs a "continuarem a agir decisivamente" contra o fenómeno do antissemitismo.
O Presidente de Israel, Reuvén Rivlin, expressou dor e consternação pelos "terríveis assassinatos antissemitas no dia mais sagrado e mais importante do ano para todos os judeus do mundo" e apelou aos líderes alemães e "ao mundo livre" para que se socorram de "toda a força da lei" contra o antissemitismo.
"Continuaremos a fazer campanha pela educação na luta contra o antissemitismo, que está a regressar repetidamente na Europa e no mundo, com base na clara consideração de que não é apenas um problema dos judeus, mas antes ameaça destruir-nos a todos ", disse Rivlin, num comunicado hoje divulgado.
Atualizado às 22.20.