Caixotes do lixo a arder e feridos nas ruas de Barcelona pela quarta noite

Tumultos voltam a marcar a noite na capital catalã. Esta sexta-feira é dia de greve geral.
Publicado a
Atualizado a

É o quarto dia de protestos na Catalunha, desde que o Supremo Tribunal espanhol decidiu condenar a penas de prisão entre os 9 e os 13 anos os políticos catalães responsáveis pela tentativa de independência em outubro de 2017. Em Barcelona, na capital catalã, a atmosfera começou por ser festiva, mas os confrontos entre independentistas e manifestantes da extrema-direita viriam a obrigar a intervenção policial. À medida que a noite avança, os distúrbios intensificam-se. Até à meia-noite, 18 pessoas receberam assistência médica (14 em Barcelona e quatro em Girona).

Segundo a imprensa espanhola, milhares de manifestantes independentistas concentraram-se ao fim da tarde no bairro de Gràcia, em Barcelona, impedindo o tráfego rodoviário em vários pontos da cidade.

Os confrontos tiveram início ao princípio da noite, obrigando a intervenção policial. Na praça Artós, conta o El País, os Mossos D'Esquadra viram-se obrigados a separar dezenas de elementos da esquerda radical independentistas de um grupo de extrema-direita espanhola. "Sou espanhol, espanhol", ouvia-se entre os manifestantes, que carregavam bandeiras do país.

Na Rambla da Catalunha, os manifestantes de extrema-direita e de extrema-esquerda encontraram-se, atirando garrafas e outros objetos uns aos outros. Segundo o El País, um jovem foi brutalmente agredido por parte dos radicais que defendem a unidade de Espanha.

E o fogo voltou a tomar conta das ruas de Barcelona. Embora a situação não atingido as proporções da noite anterior, vários caixotes do lixo foram queimados. Os bombeiros tentam apagar vários pequenos fogos que grupos de jovens encapuçados atearam com cadeiras e mesas das esplanadas de cafés e restaurantes. Em alguns casos, eram os próprios habitantes dos prédios adjacentes que atiravam água para apagar os incêndios.

Em Girona, os ânimos também já se exaltaram, com os manifestantes, na sua maioria adolescentes, a atirar uma garrafa de vidro contra a polícia.

Ao quarto de dia de manifestações, o CDR, que convocou as ações, distribuiu um manual de "legítima autodefesa" pelos manifestantes. Segundo a câmara Barcelona, citada pelo El Mundo, cerca de 13 mil pessoas assistiram à manifestação agendada para esta tarde. Apesar da confusão, a quarta noite de distúrbios na Catalunha parece não ter as proporções das noites anteriores, mas ainda é incerto como é que o dia vai acabar.

À medida que a noite vai avançando, a tensão parece estar a aumentar. De acordo com a informação partilhada pelos Mossos no Twitter, os manifestantes entraram à força num banco e numa loja de roupa. "Os incidentes continuam. Não cheguem perto da zona", avisaram as autoridades.

Nas ruas, diz a Europa Press, os manifestantes atiram objetos, foguetes e cocktails molotov contra as forças de segurança.

Nas últimas horas, um grupo de manifestantes independentistas aproximou-se da Delegação do Governo em Barcelona.

As Marchas pela Liberdade prosseguiram durante esta quinta-feira, com destino ao centro de Barcelona. São cinco e partiram de Girona, Vic (Barcelona), Berga (Barcelona), Tàrrega (Leda) e Tarragona. Devem chegar a Barcelona esta sexta-feira, dia de greve geral pelos "direitos e liberdades dos trabalhadores", marcada pela Confederação Sindical Catalã (CSC) e pela Intersindical Alternativa de Catalunha (IAC).

Os protestos começaram na segunda-feira, depois de ser conhecida a sentença contra os políticos da Catalunha responsáveis pela tentativa de independência, levada a cabo em outubro de 2017. Nove deles foram condenados a penas até 13 anos de prisão por delitos de sedição e peculato.

Após ser anunciada a sentença, os independentistas procederam aos cortes de estradas e de vias de caminho-de-ferro um pouco por toda a Catalunha.

Segundos dados do Ministério do Interior, citados pelo El País, a polícia deteve 97 pessoas desde o início dos protestos. De acordo com a mesma fonte, três pessoas permanecem hospitalizadas.

Na noite de segunda-feira houve manifestações em redor do aeroporto internacional de Barcelona seguidas de ações de grupo violentos e na noite seguinte a mobilização mudou-se para o centro de Barcelona, onde voltou a haver distúrbios.

Segundo o jornal espanhol, foram cancelados 42 voos com origem e destino a Barcelona.

Notícia atualizada às 23.20

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt