Desvios de Flávio Bolsonaro financiaram prédios ilegais de milícias

Dados cruzados de 86 pessoas ligadas às máfias cariocas levaram as autoridades a essa conclusão. Essa é uma das investigações que levou o presidente da República a trocar o diretor da polícia federal

O senador Flávio Bolsonaro financiou com dinheiro público a construção de prédios ilegais erguidos pelas milícias - máfias cariocas -, de acordo com documentos do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Essa investigação, uma das que mais preocupa Jair Bolsonaro, esteve na base da intenção de afastar o ex-diretor da polícia federal, Maurício Valeixo, e na consequente demissão do ex-ministro Sergio Moro. Para o lugar de Valeixo deve ir Alexandre Ramagem, amigo do clã Bolsonaro.

O investimento para os edifícios levantados por três construtoras, adianta o site The Intercept , foi feito com dinheiro da "rachadinha" - desvio criminoso do salário dos assessores - no antigo gabinete de Flavio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, afirmam promotores e investigadores sob a condição de anonimato.

Os investigadores cruzaram informações bancárias de 86 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema ilegal, que serviu para irrigar o ramo imobiliário da milícia.

Em abril de 2019, dois desses prédios, ligados a outras milícias, desabaram, deixando 24 mortos e dez feridos.

Segundo os investigadores, o filho do presidente da República receberia o lucro do investimento dos prédios, através de transferências feitas por Adriano da Nóbrega e por Fabrício Queiroz.

Queiroz, amigo do clã Bolsonaro há 30 anos, é considerado o pivô do desvio de dinheiro dos assessores.

Adriano da Nóbrega, executado em fevereiro pela polícia na Bahia, era o chefe do Escritório do Crime, a milícia que, segundo a polícia, mandou matar a vereadora Marielle Franco, em março de 2018. Já com um crime de homicídio nas costas, foi homenageado com medalhas por Flávio na Assembleia Legislativa do Rio e motivo de discursos em sua defesa de Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados em Brasília.

As milícias agem como máfias: em troca de uma suposta proteção, cobram taxas de segurança, e ainda recebem pelos contratos de água, luz, gás, televisão a cabo e outros serviços, às populações de bairros carentes do Rio.

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