Demitidos mais 2.560 membros do clero muçulmano na Turquia
A Direção dos assuntos religiosos (Diyanet), poderosa instituição pública turca, anunciou esta terça-feira o despedimento de 2.560 empregados no âmbito da vasta purga que decorre no país desde o fracassado golpe militar, que Ancara associa ao teólogo Fethullah Gülen.
O ex-imã que se exilou nos Estados Unidos em 1999 é acusado de ter organizado a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho e a Turquia pede a sua extradição.
Estas 2.560 pessoas juntam-se aos 1.112 empregados da Diyanet que já foram afastados das suas funções, indicou o organismo.
"As comissões criadas para esse efeito (excluir os alegados simpatizantes de Gülen) fazem um trabalho rigoroso", acrescenta um comunicado.
A Diyanet, ligada diretamente ao primeiro-ministro, foi instituída para assegurar o controlo do islão sunita, a corrente do islão predominante na Turquia, e é criticada pelos laicos por promover um tratamento discriminatório de outras correntes muçulmanas, em particular a minoria alevi, uma derivação do islão xiita.
Os ministros do culto muçulmano sunita são funcionários pagos pelo Estado. A Diyanet emprega mais de 100.000 funcionários e o seu orçamento é considerável, ultrapassando o concedido a diversos ministérios, incluindo a Saúde.
Dezenas de milhares de funcionários foram destituídos desde o abortado golpe de Estado e após terem sido acusados de ligações ao ex-imã e dirigente da poderosa organização Hizmet (Serviço). A purga visou designadamente o exército, justiça, 'media' e o ensino.
Cerca de 16.000 pessoas foram indicadas e estão detidas, enquanto outras 6.000 permanecem em detenção provisória, referiu hoje o ministro da Justiça, Bekir Bozdag.