Delphine. A filha ilegítima do rei que quer ser chamada de princesa

Delphine Boël, uma artista plástica de 52 anos, afirma que nasceu de um longo caso nas décadas de 1960 e 1970 entre a sua mãe, Sibila de Sélys Longchamps, e Alberto, então príncipe herdeiro, casado desde 1959 com Paola Ruffo di Calabria.

Na última audiência no tribunal de recurso de Bruxelas que está a julgar a questão da paternidade do rei Alberto II em relação a Delphine Boël, o debate andou em tornou do nome que a filha ilegítima do ex-monarca vai usar e se terá ou não direito ao título de princesa.

Alberto II, que em 2013 abdicou a favor do filho, Filipe, já não contesta a paternidade de Delphine e em janeiro afirmou diante do tribunal que não irá mais tentar travar o pedido da filha para ser reconhecido como seu pai legítimo.

Numa entrevista à La Libre Belgique, o advogado de Delphine Boël, Marc Uyttendaele, garantiu: "Ela não quer ser uma filha em saldos. Quer ter exatamente as mesmas prerrogativas, títulos e qualidades que os seus irmãos e irmãs".

O tribunal de Bruxelas deverá anunciar a sua decisão definitiva a 29 de outubro.

Em finais de janeiro, Alberto II admitia que, perante os resultados do teste de ADN, não iria mais contestar a paternidade de Delphine Boël e iria aceder ao pedido desta para ser reconhecido como seu pai legítimo.

O antigo monarca, que reinou entre 1993 e 2013, decidiu "acabar com esse doloroso processo de forma honrada e digna", acrescenta um comunicado divulgado na altura.

Delphine Boël, uma artista plástica de 52 anos, afirma que nasceu de um longo caso nas décadas de 1960 e 1970 entre a sua mãe, Sibila de Sélys Longchamps, e Alberto, então príncipe herdeiro, casado desde 1959 com Paola Ruffo di Calabria.

O ex-soberano, que é o pai do atual rei, Filipe, sempre negara essa paternidade. Alberto admitiu apenas publicamente ter passado por uma crise conjugal com Paola na época do caso com Sibylle de Sélys Longchamps.

Em 2013, após o fracasso de uma tentativa de conciliação, Delphine Boël decidiu levar o caso aos tribunais.

Primeiro, Delphine Boël instaurou um processo judicial para contestar a paternidade por parte de Jacques Boël, que a reconheceu como sua filha, com o objetivo de avançar de seguida com um processo de reconhecimento de paternidade por parte do rei Alberto II.

Jacques Boël não contestou a ação de Delphine, depois de um teste de DNA ter revelado que ele realmente não era o pai biológico da artista plástica. Embora o tribunal de primeira instância tenha decidido, em março de 2017, que Jacques Boël era o pai legal de Delphine, dado que eles se comportaram como pai e filha durante anos, o tribunal de relação contrariou a sentença de primeira instância e decidiu que Jacques não poderia ser considerado o pai legal.

O caso Délphine

Aquilo que viria a ser conhecido como o caso Délphine começou em 1999 com a publicação de uma biografia da rainha Paola. Da autoria do então muito jovem jornalista flamengo Mario Danneels, a obra dá conta de uma relação extraconjugal do rei Alberto nos anos 60. E que dessa relação teria nascido uma filha. Estas revelações terão provocado uma grave crise no casal, com Paola a ter ponderado o divórcio. Mas a razão de Estado terá sido mais forte e com a década de 80 chegou a reconciliação.

No discurso de Natal de 1999, Alberto falou sobre os tempos difíceis que o seu casamento atravessou nos anos 60 e 70 e aludiu à existência de uma criança nascida de uma relação extraconjugal. Mas nunca reconheceu oficialmente Délphine como sendo essa criança. "A rainha e eu recordámos os tempos muito felizes, mas também a crise que o nosso casal atravessou há mais de 30 anos", disse Alberto na altura.

De volta ao anonimato depois da publicação da biografia da rainha Paola, foi em 2013, após Alberto II abdicar do trono e assim perder a imunidade, que Delphine Boël decidiu exigir que a sua filiação fosse reconhecida oficialmente e recorreu à justiça para forçar o monarca um teste de ADN. Depois de uma tentativa falhada de mediação, o caso voltou aos tribunais em 2017, com a justiça a decidir forçar o ex-rei a pagar uma multa de 5000 euros diários enquanto mantivesse a recusa em fazer o teste de paternidade.

Pressionado pela justiça, Alberto aceitou entretanto entregar uma amostra de ADN. E, perante a confirmação da paternidade, por fim reconheceu Delphine como filha. A novela parece agora estar prestes a chegar ao fim. Resta saber se a artista plástica vai mesmo ser chamada de princesa Delphine.

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