Crianças presas em gruta podem ser resgatadas ao som da voz dos pais
Máscaras de mergulho que a polícia tailandesa pediu para o resgate das 12 crianças e do treinador permitem manter comunicações com o exterior
Ainda não se sabe como vão sair as 12 crianças e o seu treinador de dentro de uma gruta na Tailândia, onde estão retidos há 12 dias, mas ganha força a ideia de que vão ser retiradas aprendendo a mergulhar. O DN falou com o tenente Neto de Oliveira, mergulhador da Marinha, que reconhece ser uma operação difícil, já que um militar treinado precisa de seis horas para fazer o percurso.
"Do que tenho visto pela imprensa internacional, o mergulho é cada vez mais uma hipótese, uma vez que as chuvas estão perto de recomeçar e se vão prolongar até novembro. Esta é a solução de resgate mais rápida, mas também acarreta riscos elevados", aponta.
Se a opção passar mesmo por retirar os jovens, pode haver pequenas coisas que facilitem a operação. Uma delas é o facto de a máscara de mergulho facial "permitir que se mantenha uma respiração muito mais natural, porque se respira pela boca e pelo nariz" e ao mesmo tempo "permitem comunicações em tempo real, ou seja, é possível as crianças falarem e do outro lado pode estar um psicólogo, ou os pais, durante todo o percurso submerso, para ajudar a manter a calma", sublinha o especialista da Marinha.
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Mais de 1000 operacionais estão neste momento no local, no norte da Tailândia, a estudar todas as alternativas possíveis para retirar do interior da gruta a equipa de futebol e o seu treinador de 25 anos.
O grupo de crianças e jovens, com idades entre os 11 e os 16 anos, está numa zona a quatro quilómetros da entrada da gruta e tem já mantimentos suficientes para aí passar quatro meses. Uma das alternativas é mesmo esperar pelo fim da época das monções, quando partes do percurso deixam de estar submersas. Com os jovens vão ficar dois militares dos Navy Seal e já tiveram a visita de médicos e psicólogos.
A dificuldade do percurso, o facto de as crianças não saberem nadar e a sua condição física debilitada são os principais entraves a que se faça já a tentativa de retirar as crianças do interior da gruta recorrendo ao mergulho. Embora possam descansar em algumas zonas no interior da gruta, o percurso de quatro quilómetros que implica mergulhar em dois momentos, e passar em locais estreitos e sem visibilidade nenhuma, é feito por militares treinados em seis horas. O que leva Neto Oliveira a sublinhar que esta "vai ser uma operação muito demorada".
"O resgate terá sempre de ser acompanhado por mergulhadores experientes e eles têm os melhores", acrescenta, referindo-se à equipa britânica, cujos mergulhadores foram os primeiros a encontrar o grupo. A delicadeza da missão vai implicar ainda que o percurso seja feito um a um. "Tendo em conta o espaço reduzido, o resgate terá que ser feito criança a criança, até para evitar situações de pânico. Se uma entrar em pânico evita-se que passe para os restantes. Vai ser uma operação morosa."
"Tendo em conta o espaço reduzido, o resgate terá que ser feito criança a criança, até para evitar situações de pânico"
Neto Oliveira acredita que gerir as emoções "vai ser a parte mais difícil". Uma vez que vai ser preciso explicar às crianças que umas vão primeiro e pode não haver condições para todas saírem antes de as chuvas voltarem a piorar.
O ministro do interior tailandês já tinha dito na terça-feira que queria que o resgate fosse feito já, antes que as chuvas regressem, o que está previsto para o fim da semana.