Costa no Conselho Europeu? "Não estranho que a notícia apareça"

Ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus e candidata do PS às europeias de 26 de maio, Margarida Marques nota que o primeiro-ministro António Costa está muito bem visto a nível da União Europeia
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António Costa afirmou esta quinta-feira que, apesar de se sentir lisonjeado, não é candidato dos socialistas à presidência do Conselho Europeu. Nem a nenhum outro cargo europeu. "É muito elogioso, mas eu não sou candidato a nada, a não ser às funções que exerço em Portugal", declarou o primeiro-ministro português, em Sibiu, na Roménia, onde está para participar na cimeira europeia informal de chefes do Estado e do governo da União Europeia.

Questionado pelo enviado especial do DN João Francisco Guerreiro sobre se "não pretende entrar na guerra dos tronos da União Europeia", Costa respondeu que "não", justificando que está "muito concentrado naquilo que tem a fazer em Portugal". "Há cinco anos, quando me disponibilizei a liderar o Partido Socialista, apresentei uma agenda para a década, e é nessa agenda que tenho estado focado e continuarei focado", garantiu o líder socialista, o qual, há menos de uma semana, foi vagamente apontado pelo Financial Times, entre vários nomes possíveis, como um dark horse, entre as apostas disponíveis, na corrida a um dos cargos de topo, que vão ficar vagos este ano, em Bruxelas. Entre eles o de presidente do Conselho Europeu, atualmente ocupado pelo ex-primeiro-ministro polaco Donald Tusk.

"Não estranho que essa notícia apareça", afirmou ao DN, esta tarde, em Lisboa, Margarida Marques, ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus e candidata na lista do PS às eleições europeias do próximo dia 26. A também ex-representante da Comissão Europeia em Portugal nota que, a nível da família socialista e da União Europeia, Costa está muito bem visto. Afinal de contas, numa altura em que nacionalistas, populistas e extremistas de direita estão a tomar o poder de assalto em vários Estados membros da UE, podendo aumentar consideravelmente o seu número de eurodeputados neste Parlamento Europeu, o governo de Costa, apesar de todas as fragilidades conhecidas nos últimos tempos, é quase um oásis a nível europeu - no que diz respeito a países governados por socialistas e sem presença de partidos de extrema-direita.

"Quando se começou a discutir no âmbito da família socialista europeia quem deveria ser o seu candidato à presidência da Comissão Europeia falou-se de António Costa. Participo há muitos anos nas reuniões dos socialistas europeus. Os socialistas europeus tinham muito gosto em que Costa fosse o seu Spitzenkandidat", revelou Margarida Marques, remetendo para declarações que o primeiro-ministro fez em Sibiu, na região da Transilvânia, garantindo estar comprometido com o país e com a missão a que se propôs para Portugal.

Os chefes do Estado e do governo da UE reuniram-se esta quinta-feira em Sibiu, na região da Transilvânia, naquela que deveria ser a primeira cimeira pós-Brexit. Este não aconteceu, ainda. Mas mesmo assim a primeira-ministra britânica, Theresa May, não foi convidada a participar. Além do cargo de presidente do Conselho Europeu, vão ficar vagos estes ano os cargos de presidente da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu, do BCE e de Alta Representante da União Europeia para a Política Externa.

Recorde-se que, em 2004, mais precisamente em junho, também na sequência de uma cimeira europeia, o nome de Durão Barroso, então primeiro-ministro de Portugal, também veio à baila como possível candidato a presidente da Comissão Europeia. Estas era na altura ainda liderada pelo italiano Romano Prodi. O gabinete de Barroso, do PSD, fez saber no imediato que o então chefe do governo de mostrara indisponível para aceitar o cargo. Também nesse mês e nesse ano se estava em ambiente de eleições europeias. O certo é que, como mais tarde se veio a comprovar, Barroso não só foi presidente da Comissão, como ficou em Bruxelas durante dois mandatos.

Nessa altura, o presidente da Comissão era indicado pelos chefe dos Estado e do governo, após negociações de bastidores. Arranjou-se depois um procedimento mais democrático, a chamada eleição do Spitzenkandidat, em que o presidente da Comissão deve refletir o resultado das eleições europeias. Ou seja, o grupo político mais votado tem, em princípio direito a ficar com o presidente. Mas se, durante muito tempo, o Partido Popular Europeu e os Socialistas e Democratas foram os grupos políticos mais votados para o Parlamento Europeu, as sondagens apontam para que, desta vez, tenham grandes perdas. E que haja uma grande subida dos liberais e dos partidos nacionalistas, populistas e extremistas de direita.

Os candidatos à sucessão do luxemburguês Jean-Claude-Juncker na presidência da Comissão são seis e vão realizar um debate, em Bruxelas, no próximo dia 15 de maio. Manfred Weber é o candidato do PPE, Frans Timmermans dos Socialistas, Margrete Vestager dos liberais do ALDE, Ska Keller dos Verdes, Nico Cué da Esquerda Europeia e Jan Zahradil dos Conservadores e Reformistas Europeus.

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