Coreia e Portugal - Dois países geograficamente distantes mas ao mesmo tempo próximos
Artigo do embaixador da Coreia do Sul em Portugal sobre os laços comuns apesar da distância, a chegada dos primeiros europeus à Coreia no século XVI e a vontade de reforçar as relações entre os dois países.
Ao olhar para o mapa do mundo, a Coreia e Portugal estão situados em extremos opostos do continente euro-asiático. Têm em comum o facto de serem banhados por dois grandes oceanos, o Pacífico e o Atlântico, o que faz com que partilhem uma cultura semelhante. O arroz de marisco assemelha-se à sopa picante de marisco da Coreia. O fado que canta a saudade e a mágoa faz lembrar o pansori (música tradicional coreana).
Historicamente, o primeiro ocidental a chegar à Coreia foi um português. O Capitão Domingos Monteiro chegou à Coreia em 1577 e há registos de que, posteriormente, João Mendes terá chegado à Coreia em 1604. Como Portugal foi um país pioneiro na era dos Grandes Descobrimentos, em nada surpreende que tenha sido um português o primeiro ocidental a chegar à Península Coreana. Fico feliz por ver que os dois países têm uma longa história.
As semelhanças culturais e a longa história comum fazem com que se ultrapasse a distância geográfica e, o intercâmbio cultural entre os dois povos, serve de impulso ao crescimento de afinidades e sentimentos de proximidade. Segundo as estatísticas do Turismo de Portugal, 165 mil turistas coreanos visitaram Portugal em 2018. Os encantos de Portugal foram apresentados em vários programas de televisão na Coreia, o que fez com que Portugal se tornasse num dos destinos com mais interesse para os coreanos. Prevê-se que, num futuro próximo, haja um aumento significativo no número de turistas coreanos a visitar Portugal.
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A Coreia e Portugal comemoram o 60º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas em 2021. Esta ocasião será uma boa oportunidade para estreitar as boas relações já existentes entre os nossos dois países. A Embaixada da República da Coreia continuará a empenhar-se na organização de diversos programas culturais para que os portugueses se possam sentir ainda mais próximos da Coreia. É nesse sentido que temos vindo a organizar anualmente a Semana da Cultura Coreana, que este ano irá decorrer no outono. Está também prevista para o final deste ano a instalação de um monumento comemorativo da chegada de João Mendes à Coreia, da autoria do artista de renome, Vhils.
Desde que cheguei a Portugal comecei a aprofundar o meu conhecimento sobre a rica história do vosso país. Gostei particularmente de dois autores: Luís Vaz de Camões, o poeta lusitano que cantou as proezas dos portugueses na Era das Descobertas e que descreveu Portugal como o sítio "Onde a terra se acaba e o mar começa" e Fernando Pessoa que também louvou a coragem dos portugueses, afirmando que superaram muitas dificuldades para dominar os mares: "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!".
Tiro o chapéu à coragem indomável dos portugueses que foram pioneiros na época dos Grandes Descobrimentos, enfrentando a imensidão do Oceano Atlântico. Essa esperança e essa coragem são legados que os portugueses deixaram ao mundo. É meu desejo que esta esperança e esta coragem prevaleçam nas relações entre os nossos povos. Tenciono trabalhar sempre com este objetivo em mente.
