Destituição de Trump. Congresso ouve diretor das secretas

O principal responsável pelos serviços secretos vai ser interrogado hoje no Congresso devido à forma como a administração quis reter o relatório do denunciante sobre Trump e o presidente da Ucrânia.

O diretor interino dos serviços de informações norte-americanos, Joseph Maguire, vai testemunhar perante o Comité dos Serviços Secretos da Câmara dos Representantes na sequência de ter recusado partilhar a queixa de um agente dos serviços secretos com o Congresso. A lei estabelece que os congressistas têm direito a aceder à denúncia após o inspetor-geral concluir que aquela é urgente e credível.

O representante democrata Adam Schiff, que vai dirigir os trabalhos da audiência como presidente do Comité dos Serviços Secretos da Câmara, disse que o relatório do denunciante foi bem escrito, e classificou o conteúdo de "profundamente perturbador" e "credível". "É claro que a denúncia fornece informações ao comité", disse.

Schiff disse que o Departamento de Justiça fez uma má interpretação da lei ao impedir Maguire de revelar a queixa. Maguire, um antigo almirante nomeado por Donald Trump há menos de dois meses cujo posto ainda não está confirmado no Senado, poderá ser confrontado com uma notícia do Washington Post, de que ameaçou demitir-se caso a Casa Branca o pressionasse para negar informações aos representantes e senadores.

O ex-diretor do Centro Nacional de Combate ao Terrorismo é primeiro ouvido em audiência pública na Câmara dos Representantes e mais tarde em sessão à porta fechada no Comité de Serviços Secretos do Senado.

Embora o inquérito formal de impeachment anunciado na terça-feira pela líder da Câmara Nancy Pelosi seja encabeçado por democratas, alguns republicanos juntaram-se para pedir à administração que envie o relatório ao Congresso. Membros dos comités da Câmara e do Senado foram autorizados a ver a denúncia na quarta-feira.

"Os republicanos não devem precipitar-se em montar guarda para dizer que não há nada quando há obviamente muitas coisas que são muito preocupantes", disse o republicano Ben Sasse, membro do Comité dos Serviços Secretos do Senado depois de ler o documento.

O Senado aprovou por unanimidade uma resolução na qual solicitava a divulgação do relatório. A Câmara aprovou uma medida semelhante por 421 votos a favor e zero contra já depois de a administração ter recuado e concordado em deixar os membros dos comités verem o relatório classificado em salas seguras do Capitólio.

Acredita-se que o relatório do denunciante inclua o relato do telefonema de 25 de julho entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, no qual Trump disse ao homólogo para investigar o ex-vice-presidente e candidato às eleições de 2020 Joe Biden. Essa investigação seria feita em coordenação com o procurador-geral dos EUA, Bill Barr, e o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani.

A chamada ocorreu após Trump ter retido quase 400 milhões de dólares de ajuda à Ucrânia, que a administração só mais tarde libertou.

A administração Trump disponibilizou a versão oficial da chamada de meia hora na quarta-feira, um dia depois de Pelosi ter anunciado que a Câmara de maioria democrata iria lançar o inquérito oficial para a destituição.

Trump e Zelensky apareceram lado a lado em Nova Iorque à margem da Assembleia Geral da ONU e negaram qualquer pressão. O presidente ucraniano disse aos jornalistas: "Ninguém me pressionou".
Na conferência de imprensa, Trump acusou os democratas de acionarem o inquérito para a destituição do presidente por motivos políticos. "Ees não conseguem vencer-nos nas urnas."

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