Área 51. Uma brincadeira na net "invadiu" a mais misteriosa base militar dos EUA
São mais as perguntas do que as respostas quando a expressão Área 51 surge em conversa. É considerado um dos locais mais secretos e misteriosos dos EUA, envolto nas maiores lendas sobre presença alienígena na Terra. Há quem diga que esta base militar norte-americana do estado de Nevada, cercada por segurança de alta tecnologia e militares camuflados, é mesmo o abrigo de restos de discos voadores que terão caído em solo terrestre, bem como dos corpos da tripulação de aliens que chegaram com ele. Após décadas de mistério, um estudante universitário da Califórnia decide convidar os mais entusiastas a invadir a área, esta sexta-feira, onde é expressamente proibido entrar. O evento, que garante não ter passado de uma brincadeira, rapidamente deu origem a um festival alienígena e uma ameaça à segurança americana.
Matty Roberts, de 20 anos, estava longe de imaginar onde chegaria a decisão que um dia tomou de lançar um convite no Facebook para visionamento de extraterrestres na Área 51. "Storm Area 51, They Can't Stop All of Us" (em português, "Área 51, Eles Não Nos Podem Parar a Todos") - assim foi nomeado o evento, no qual mais de duas mil pessoas prometeram comparecer.
Perante a afluência e a iminência daquilo que considerou poder vir a tornar-se uma crise de segurança pública, Matty desassociou-se do evento. Mas ficou pelos bastidores, para lá ajudar a organizar os dois festivais, com música à mistura, como mote de boas-vindas às multidões que eram esperadas no condado de Lincoln. Um deles é o Alienstock, que começou na quinta-feira e dura até domingo. O outro ocorre a 64 quilómetros a leste de Rachel, na cidade de Hiko, e acontece até sábado. No primeiro dia, já tinham vendido 3200 ingressos, segundo a Reuters.
A verdade é que o único hotel da pequena e desértica cidade de Rachel, onde o número de habitantes não chega aos 50, está esgotado. E, segundo o Review Journal de Las Vegas, as estradas que durante todo o ano se mantêm desertas estão a receber enchentes de curiosos, nas suas tendas, carros e autocaravanas, preparadas com grelhadores e comida. Alguns demarcam-se com bandeiras americanas ou mesmo insufláveis de extraterrestres verdes. Outros vão mais longe, mascarando-se de alien.
Há até quem tenha escolhido a ocasião para envergar o seu papel de ativista, ao que dizem, em defesa da liberdade destas criaturas cuja existência nunca ficou provada.
"Foi tudo um choque para esta pequena comunidade", disse a responsável por uma loja de recordações, a Alien Research Center, em declarações à Reuters. Acrescentou que foram contratados 15 guardas de segurança, uma ambulância particular e encomendados 80 chuveiros portáteis para receber todos os visitantes.
Ainda é uma incógnita se a invasão da Área 51 se vai realizar. É apenas certa a existência de um festival, que começou com uma simples brincadeira na internet. Contudo, perante a incerteza do que poderá resultar deste evento, as autoridades locais já se prepararam para travar a caminhada. O próprio condado de Lincoln, ao qual pertencem as localidades de Rachel e Hiko, levantaram uma declaração de emergência, que pode ser invocada a qualquer altura, para pedir ajuda ao estado. Os visitantes devem esperar "uma grande presença da polícia", disse fonte policial.
De acordo com a Reuters, só em 2013 é que o governo dos EUA confirmou oficialmente a existência desta base com mais de um milhão de hectares, descrevendo o espaço como um local de testes de aviões de espiões ultrassecretos. Todas as teorias sobre extraterrestres que rodeiam este espaço têm sido negadas pelo governo.
Dez dias antes da data prevista para a grande invasão à Área 51, dois youtubers norte-americanos atravessaram a sinalética que proibia a entrada na base militar, percorrendo cerca de cinco quilómetros dentro da área. Os jovens Ties Granzier e Govert Sweep, de 20 e 21 anos, famosos na plataforma Youtube, acabaram detidos, mas foram libertados no dia a seguir, depois de pagarem a fiança de 500 dólares (453 euros).
Quando chegaram ao local, as autoridades encontraram um veículo com várias ferramentas de filmagem - câmaras, telemóveis, portáteis e drones - através das quais os youtubers já teriam recolhido conteúdo, que foram obrigados a apagar.