Como os EUA se preparam contra o ataque norte-coreano

Ciberataques, aviões de caça, drones, laser e micro-ondas: as respostas de Washington às ameaças do regime de Kim Jong-un.
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A tensão entre Washington e Pyongyang agravou-se nas últimas semanas com o anúncio, do regime estalinista, de que pode atingir qualquer parte do território norte-americano com mísseis balísticos intercontinentais. O secretário de Estado Rex Tillerson pôs água na fervura ao anunciar que os EUA estão "prontos para uma primeira reunião sem qualquer condição prévia", mas em paralelo o Pentágono procura soluções de defesa.

Numa entrevista ao seu canal preferido, a Fox News, Donald Trump afirmou que os Estados Unidos têm "mísseis que conseguem derrubar um míssil no ar em 97% das vezes, e se forem enviados dois será derrubado". O presidente norte-americano falava do sistema de defesa antimíssil com bases na Califórnia e no Alasca. A percentagem a que Trump aludiu referia-se a declarações de um general da entidade federal Missile Defense Agency, responsável pelo programa que já consumiu cerca de 40 mil milhões de dólares. Apesar de o militar ter alardeado elevadas taxas de sucesso, a realidade é outra.

Desde 1999 foram conduzidos 18 testes e a eficácia tem um número bem mais modesto: 56%. Está preto no branco num relatório de 2016 do Pentágono: o sistema "demonstra uma capacidade limitada para defender o território nacional de ameaças simples de mísseis balísticos de alcance intermédio ou intercontinental, lançados da Coreia do Norte ou do Irão, em pequeno número". Neste campo, e apesar das declarações pouco rigorosas do presidente, parece haver consenso entre a administração Trump, a oposição e os militares: os Estados Unidos estão a desenvolver meios alternativos de defesa na eventualidade de um ataque oriundo de Pyongyang. Em consequência, foi pedido ao Congresso quatro mil milhões de dólares extra para lidar com o poderio militar e a imprevisibilidade de Kim Jong-un. "É um esforço total. Existe uma ameaça emergente, uma janela temporal a fechar-se e um reconhecimento de que não podemos depender de uma única solução", disse ao The New York Times o democrata Jack Rhodes, que faz parte da Comissão para as Forças Armadas do Senado.

Aviões F-35, equipados com mísseis ar-ar para dispararem sobre os mísseis quando estes tenham sido acabados de lançar, é a primeira das opções complementares de que o Pentágono quer dispor. Mais eficaz apresenta-se a hipótese de equipar drones com mísseis. E poderá ser realidade em menos de um ano. Mais tempo - não antes de 2025 - demorará a estar pronto um sistema de raios laser a instalar também em drones. Já fora do domínio da ficção científica, e testado, o sistema conhecido por CHAMP pode ser lançado através de mísseis de cruzeiro e emite micro-ondas capazes de afetar sistemas eletrónicos, mas ainda não está operacional.

No campo da sabotagem, as ciberarmas também terão direito a redobrado investimento. Mas, como o The New York Times recorda, o ciberataque de 2014 aos mísseis Musudan não impediu que os norte-coreanos desenvolvessem um renovado e eficaz míssil de médio alcance.

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