96 dias depois, chega ao fim cerimónia religiosa para proteger refugiados
Ao longo de mais de três meses cerca de mil padres e pastores passaram pela igreja de Bethel, na cidade holandesa de Haia, naquela que foi uma das mais longas cerimónias religiosas de que há registo. A razão da sua duração, de 96 dias, é uma família de refugiados que iria ser sujeita a deportação.
Ancorada numa lei holandesa que proíbe a polícia de interromper cerimónias religiosas, a vigília começou a 26 de outubro e terminou na tarde de quarta-feira, conta o New York Times , depois de confirmarem à organização que aquela família arménia, os Tamrazyan, poderia continuar no país. A decisão veio de um compromisso entre os quatro partidos que formam a coligação governativa, que concordaram em reavaliar os casos de cerca de 700 famílias que iam ser deportadas.
"Isto é apenas o início", afirmou o pastor protestante Derk Stegeman, que se tornou porta-voz daquela família arménia, ao New York Times. "Espero que seja uma nova forma de ser uma igreja, uma nova forma de ter um impacto na sociedade, de defender as pessoas vulneráveis.
A vigília foi acompanhada por uma petição que reuniu mais de 250 mil assinaturas pedindo uma mudança na lei que, como àquela família arménia, poderia deportar muitas outras.
A família Tamrazyan é constituída pelos pais e três filhos de 21, 19 e 15 anos. Chegaram à Holanda em 2010 depois de fugirem daquilo que os seus advogados descrevem como perseguição política, adianta ainda o New York Times. Por duas vezes o Estado havia já tentado deportá-los. Não há ainda garantias de que tal não volte a acontecer, apenas que o caso será reavaliado.
"Não sabemos oficialmente se podemos ficar, porque o processo ainda tem de ser avaliado", disse a filha mais velha, Hayarpi, citada pela France Presse.