Casado distancia-se do Vox. PP vota contra moção de censura a Sánchez
Santiago Abascal disse ter ficado "perplexo" com os ataques do líder da oposição, mas rejeitou tirar o apoio do partido aos governos regionais da Andaluzia, Múrcia e Comunidade de Madrid.
O Partido Popular espanhol vai votar contra a moção de censura a Pedro Sánchez apresentada pelo Vox (extrema-direita) de Santiago Abascal. "Não somos como você porque não queremos ser como você", disse o líder do PP, Pablo Casado, no debate desta manhã no Congresso.
A moção de censura estava condenada à partida, porque o Vox é a terceira força política e não tinha mais apoios, mas a grande incógnita era saber que posição iria tomar o PP, que até esta quinta-feira não tinha dito como votaria. Em causa está o facto de o Vox apoiar vários governos regionais do PP e a ideia de que um "não" de Casado seria lido como um "sim" às políticas de Sánchez.
"Votaremos não à sua candidatura à presidência do governo de Espanha. Porque dizemos não à rutura que você procura; não à polarização de que você precisa, como Sánchez, não a essa Espanha a cassetetes, a preto e branco, de trincheiras, raiva e medo", disse Casado.
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Apesar do "não" à sua moção de censura, Abascal disse que manterá o apoio da sua formação aos governos regionais do PP e do Ciudadanos. "Os andaluzes, os murcianos e os madrilenos podem estar tranquilos em relação à responsabilidade histórica do Vox", referiu no discurso de réplica, dizendo-se "perplexo" com os ataques de Casado.
O discurso de Abascal no Congresso, na quarta-feira, e a sua vertente antieuropeia, terá sido a gota de água para o líder do PP, que considerou a moção de censura uma "perda de tempo". Disse que esta só serve para os socialistas e os sócios de governo, a Unidas Podemos de Pablo Iglesias, ocultarem "o seu fracasso de gestão, a sua arbitrariedade com as administrações governadas pela sua oposição e a ameaça de impor a excecionalidade constitucional de novo". Uma referência às medidas aplicadas para conter a pandemia de covid-19. Espanha ultrapassou esta quarta-feira o milhão de casos.
"Somos a alternativa séria e responsável de que Espanha precisa", disse o líder do PP, deixando claro que Abascal não tem capacidade para ser primeiro-ministro (que seria caso a moção de censura fosse aprovada). "Não somos como vocês, somos a Espanha tranquila. Não vamos ser reféns do que faz o Vox", defendeu, sob a ovação da sua bancada. "Ficou claro: você não gosta do PP e nós também não gostamos de si."
Casado não deixou dúvidas da rutura com Abascal. "Você vai passar, mas o PP continuará aqui, construindo um país melhor para todos", reiterando que só há uma alternativa: "Ou o Vox ou Espanha".
O líder do Vox disse lamentar "o ataque pessoal" de que foi alvo, mostrando-se perplexo por Casado ter ido ao Congresso "lutar contra quem o está a apoiar".