Cabo Verde. Sob os bons ventos dos indicadores favoráveis, tudo em aberto no ano de todas as escolhas
José Maria Neves abandona o governo após 15 anos de liderança e é um dos nomes falados para a Presidência
Cabo Verde realiza no próximo ano eleições legislativas, autárquicas e presidenciais, votações que se adivinham renhidas e que têm como pano de fundo uma economia com indicadores favoráveis - o primeiro-ministro, José Maria Neves, anunciou na semana passada que a economia cabo-verdiana "está a dar sinais claros de retoma, com o surgimento de novos e significativos investimentos estrangeiros", sobretudo no turismo.
A maratona eleitoral arranca no dia 20 de março com as legislativas, em que veremos o PAICV tentar eleger a sua nova líder, Janira Hopffer Almada, como sucessora de José Maria Neves na liderança do governo. "Nesta altura, o resultado é imprevisível e tudo parece estar em aberto. O PAICV exerce o poder executivo desde 2001 e nas sucessivas eleições tem vindo a perder parte da sua vantagem sobre o MpD", explicou ao DN Paulo Gorjão, diretor do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança. Na opinião deste especialista em países de expressão portuguesa, para esta incerteza contribui também a juventude da nova líder do PAICV, de 37 anos. "Sim, a sua juventude e sobretudo a sua menor notoriedade política poderão ser um obstáculo. Porém, Janira Hopffer Almada não é propriamente uma novata na política, antes pelo contrário. Em todo o caso, porém, ela poderá não ter o distanciamento ou ser a novidade necessária para dar um novo impulso ao PAICV. Acresce que enfrentará um político muito experiente e com um currículo sólido. O líder do MpD, Ulisses Correia e Silva, não será um candidato fácil de derrotar."
Mais para o final do ano, os cabo-verdianos vão ser chamados a escolher o novo presidente, eleição que poderá colocar frente a frente o atual chefe do Estado, Jorge Carlos Fonseca, da área do MpD, e o ainda primeiro-ministro José Maria Neves, o nome mais falado dentro do PAICV, mas cuja candidatura ainda não foi confirmada. "A história parece jogar a favor de Jorge Carlos Fonseca, na medida em que desde a transição para a democracia os anteriores presidentes foram sempre reeleitos. Mas, se eventualmente o MpD ganhar as legislativas, é possível que se gere alguma pressão a favor da repartição do poder e, nesse sentido, a favor de José Maria Neves", disse. Pelo meio, haverá autárquicas, nas quais o MpD é dominante, e que deverão ser as únicas eleições "em que não são esperadas surpresas", disse ao DN este analista.
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