Brexit, mais dinheiro para a saúde e "ambicioso programa de reformas" no Discurso da Rainha
"A prioridade do meu governo é garantir a saída do Reino Unido da União Europeia a 31 de janeiro", disse Isabel II no início do Discurso da Rainha, que marca o início oficial do novo ano parlamentar britânico.
Em relação ao Brexit, o discurso que foi escrito pelo governo de Boris Johnson indica que o executivo "vai procurar uma relação futura com a União Europeia baseada num acordo de livre comércio que beneficia todo o Reino Unido", além de começar a negociar acordos de comércio com outras economias globais.
Isabel II disse que a "integridade e prosperidade do Reino Unido" é de extrema importância para o governo de Boris Johnson e que este irá trabalhar "urgentemente" para facilitar a existência de um governo na Irlanda do Norte. Não houve uma palavra para a Escócia, no dia em que a chefe do governo escocês, Nicola Sturgeon, enviou uma carta ao primeiro-ministro britânico sobre um novo referendo de independência.
A monarca, que parece ligeiramente constipada, disse que o governo vai empreender um "programa ambicioso" de reformas domésticas que responde "às prioridades do povo", focando-se no financiamento do Sistema Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês). O orçamento para o NHS vai sofrer um aumento anual de 33,9 mil milhões de libras até 2023-24.
"Passos serão dados para aumentar o número de funcionários do sistema nacional de saúde e um novo visto vai garantir que médicos, enfermeiras e profissionais de saúde qualificados têm a entrada facilitada no Reino Unido", disse a monarca, anunciando ainda que os parques de estacionamento dos hospitais deixarão de ser pagos para as pessoas com mais necessidades.
"Os meus ministros vão procurar um consenso em todos os partidos para propostas para uma reforma de longo termo a nível de cuidados sociais", afirmou, falando na reforma também da Lei de Saúde Mental.
Ainda sobre imigração, a rainha diz que será criado "um sistema moderno, justo e baseado em pontos" para permitir a entrada de trabalhadores qualificados. O governo vai ainda passar uma lei de emprego, que vai "proteger e aumentar os direitos dos trabalhadores quando o Reino Unido sair da União Europeia".
Em relação a questões de segurança, a rainha disse que o governo vai criar uma comissão para rever e melhorar a eficiência e eficácia do processo de justiça criminal. "Novas leis de sentenças vão garantir que os criminosos mais violentos, incluindo terroristas, vão cumprir sentenças mais longas", afirmou a monarca.
"Os meus ministros vão apresentar medidas para garantir que todas as partes do Reino Unido podem prosperar", segundo o discurso lido por Isabel II. "O meu governo vai investir nos serviços públicos e infraestruturas, mantendo os empréstimos e a dívida sob controlo", indicou.
Sobre alterações climáticas, no discurso diz que o governo "vai continuar a tomar medidas para alcançar o objetivo de um balanço zero de emissões de gases de efeito de estufa até 2050". O Reino Unido quer assumir um papel de liderança na resposta às mudanças climáticas.
Além do Discurso da Rainha, o governo britânico divulgou um documento de 151 páginas que detalha todas propostas de lei que serão propostas durante esta legislatura.
O discurso desta quinta-feira, que marca oficialmente o início do novo ano parlamentar e é o 66.º do reinado de Isabel II, tem menos pompa que o habitual, tudo por causa das "circunstâncias únicas das eleições gerais" e também devido "à proximidade do Natal".
Apesar de a Rainha não usar traje cerimonial ou qualquer coroa, a Coroa Imperial está na Câmara dos Lordes. Tradicionalmente, a monarca usaria esta coroa (criada para a coroação do pai, Jorge VI, em 1937) durante o Discurso da Rainha, mas há anos que não o faz devido ao seu peso -- pesa mais de um quilo, tendo três mil diamantes, 17 safiras, 11 esmeraldas e cerca de 270 pérolas.