O candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro foi eleito no domingo para a Presidência do Brasil com um programa ultraliberal do ponto de vista económico e que apresenta o porte de arma como principal forma de controlo da violência..Com o lema "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", o candidato do Partido Social Liberal (PSL), que toma posse a 1 de janeiro de 2019, apresentou um programa que não gerou consenso entre os brasileiros..A nível económico.- Redução da dívida de 20% através de privatizações..- Criação de um sistema de pensões paralelo através de capitalização própria..- Criação de um 'superministério' da Economia sob o comando de Paulo Guedes, liberal que defende a mínima participação do Estado na Economia nacional..- Reorganização do sistema tributário e criação de uma taxa única de 20%, que reduz a carga fiscal para quem tem maiores rendimentos..A nível social.- Redução da maioridade de penal de 18 para 17 anos. Inicialmente, Bolsonaro pretendia a redução para 16 anos, mas o receio de uma rejeição pelo parlamento, levou a que a alteração ficasse pelos 17 anos..- Alívio da regulamentação do porte de armas. "As armas são instrumentos, objetos inertes, que podem ser utilizadas para matar ou para salvar vidas. Isso depende de quem as está usando.".- Garantia de "proteção jurídica" para polícias que utilizem armas em serviço..- Fim de programas de liberdade condicional ou redução de pena e aumento do número de encarceramentos, isto num país com prisões sobrelotadas..- Considerar a invasão de propriedades rurais ou urbanas como atos de "terrorismo"..- "Queremos um Governo decente, diferente de tudo aquilo que nos jogou numa crise ética, moral e fiscal". Prometendo diminuir para metade o número de ministros, de modo a limitar o número de acordos entre partidos..Na política externa.- "Deixaremos de louvar ditaduras assassinas e desprezar ou mesmo atacar democracias importantes como EUA, Israel e Itália"..- O programa de Bolsonaro não menciona o Mercosul, espaço de comércio-livre para a América Latina, preferindo "focar-se em relações e acordos bilaterais"..Na educação.- Defende a alteração dos currículos escolares: "Mais matemática, ciências e português, sem doutrinação e sexualização precoce"..- Bolsonaro pretende também "inverter a pirâmide" para concentrar mais investimentos na escola primária que no ensino superior. O futuro Presidente do Brasil diz querer promover a educação por correspondência em locais de difícil acesso para "ajudar a combater o marxismo"..- O presidente-eleito prometeu estabelecer um colégio militar (gerido pelo exército) em cada uma das 26 capitais de Estado, bem como no Distrito Federal de Brasília. Atualmente, o Brasil conta com 13 colégios militares em 11 capitais..Nos Direitos Humanos.Ainda que o seu programa não o mencione, Bolsonaro não pretende tocar no tema do aborto, uma lei já restrita que apenas permite interrupção da gravidez em casos de violação, risco para a saúde da mãe ou uma grave malformação do cérebro do feto..Enquanto deputado, Bolsonaro apresentou propostas para o controlo de natalidade, liberalizando vasectomias e laqueação de trompas e prometendo bolsas de apoio a quem realizasse estes processos..Um outro assunto que não é abordado no programa de Bolsonaro prende-se com os direitos da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros). Durante a campanha, o candidato proferiu várias declarações de cariz homofóbico..Sobre o ambiente.- Bolsonaro reúne um forte apoio do negócio agrícola e pastorício. O seu programa não menciona a desflorestação ou o aquecimento global. O Acordo de Paris, a que se terá referido, também não consta no programa..- Jair Bolsonaro planeava reagrupar os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, mas recentemente disse estar "aberto à negociação" nesse ponto. Este ponto é, precisamente, um dos mais controversos no seu programa, uma vez que pode colocar os órgãos de fiscalização e regulamentação de abusos ambientais sob a tutela de um Ministério controlado pelo lobby do negócio agrícola e pastorício..- O presidente-eleito não pretende dar "um centímetro mais" às reservas de indígenas no Brasil.