Boom promete ser mais rápido, mais eficiente e mais barato do que o Concorde
O supersónico da nova geração desenvolvido nos EUA já conta com o apoio de Richard Branson e da Japan Airlines
O último voo do Concorde entre Nova Iorque e Londres, a 24 de outubro de 2003, parecia marcar o fim da aviação supersónica. Os elevados custos operacionais, com o aumento do preço da gasolina, e as vendas fracas (um bilhete de ida e volta transatlântico custava nove mil dólares), tal como as restrições aos voos sobre terra devido ao ruído do estrondo sónico tornaram as viagens comercialmente inviáveis. Mas uma empresa norte-americana quer mudar isso e promete voos comerciais mais rápidos, mais eficientes e mais baratos do que os do Concorde num novo avião supersónico - o Boom - já a partir de 2025.
Este mês, a companhia aérea japonesa Japan Airlines (JAL) anunciou um investimento de 10 milhões de dólares (8,5 milhões de euros) para ajudar a desenvolver o Boom Supersonic, garantindo também a sua experiência e conhecimento como transportadora aérea para desenvolver a experiência para os passageiros. "Através desta parceria, esperamos contribuir para o futuro das viagens supersónicas, com o objetivo de dar mais tempo aos nossos passageiros, sempre com ênfase na segurança aérea", indicou o presidente da JAL, Yoshiharu Ueki.

Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Quando o avião estiver pronto, a JAL espera poder adquirir vinte aparelhos, juntando-se a outras cinco companhias aéreas que já terão reservado mais 76. Uma delas é a Virgin Atlantic, de Richard Branson, que também tem apoiado a empresa norte-americana com sede em Denver. "Sempre fui um apaixonado pela inovação aerospacial e o desenvolvimento de voos comerciais de alta velocidade", disse o bilionário britânico no início do ano. "A decisão de trabalhar com a Boom foi fácil", acrescentou Branson, que investiu no Baby Boom - o primeiro protótipo, com lugar só para dois pilotos, que poderá cruzar os céus já em 2018. A versão comercial, com capacidade para 45 ou 55 passageiros, estará pronta em 2025.
Uma viagem entre Londres e Nova Iorque, que hoje demora sete horas, poderá ser feita em apenas três horas e quinze minutos. O voo de Tóquio para São Francisco, das onze horas atuais, passaria para cinco horas e meia porque voaria a Mach 2.2 (isto é, 2,2 vezes a velocidade do som, ou 2695 quilómetros por hora). O Concorde voava a Mach 2.0 e os atuais aviões comerciais voam a Mach 0.85.
"Pensem nas famílias que estão separadas por causa dos longos voos. Pensem nas viagens que não se fazem porque quando fazemos as contas às horas perdidas, a viagem já não parece valer a pena", disse o CEO da empresa, Blake Scholl, na Dubai Airshow, no início do mês. "É aí que nós entramos. Somos uma equipa de engenheiros e tecnólogos, unidos com o único objetivo de tornar o nosso mundo dramaticamente mais acessível", referiu.
E isso significa que os preços dos voos não podem ser exorbitantes: "Não precisamos estar na lista da Forbes para poder voar", diz Scholl. "Vai custar o mesmo que viajar atualmente na classe executiva. O objetivo final é tornar os voos supersónicos acessíveis a todas as pessoas que voem." Uma viagem transatlântica, de ida e volta, poderá custar cinco mil dólares. O objetivo de Scholl, que diz que se lançou no projeto porque ficou "triste" por nunca ter tido oportunidade de voar no Concorde, é um dia poder viajar por cem dólares para qualquer lado do mundo em cinco horas.
Mas o que distingue o Boom do Concorde? "Os designers do Concorde não tinham a tecnologia para voos supersónicos eficientes", disse o engenheiro chefe da Boom, Joe Wilding, à Air & Space Magazine, à frente de uma equipa que tem no currículo a agência espacial norte-americana (NASA), a SpaceX de Elon Musk ou a Boeing. "Hoje temos materiais melhorados, aerodinâmica avançada, tornando as viagens supersónicas mais acessíveis." Além disso, quando quebrar a barreira do som, o Boom irá provocar um estrondo sónico 30 vezes inferior ao que o Concorde produzia.
No interior do avião, haverá duas filas únicas de assentos individuais, ao estilo da classe executiva, e a experiência dos passageiros não será diferente da que é hoje. Se olharem pela janela, estes poderão contudo ver a curvatura da Terra, já que o avião irá voar a uma altitude mínima de 60 mil pés (os atuais aviões comerciais voam entre os 35 mil e os 42 mil pés).