Berlim quer maior cooperação na UE na área da Defesa face a Trump

Chefes da diplomacia e ministros da Defesa dos 28 Estados reúnem-se para a semana em Bruxelas para analisar proposta de Mogherini para tornar a Europa menos dependente dos EUA para garantir a sua segurança

Durante a campanha, Donald Trump criticou a NATO e o facto de os EUA estarem comprometidos com a defesa de países que não gastam o suficiente com os seus militares e a sua segurança. Agora, o presidente eleito está a ser pressionado pelos aliados a clarificar a sua posição, com a Alemanha a defender publicamente que é hora de a União Europeia acelerar os planos para uma maior cooperação na área da Defesa. "A Europa precisa de uma vontade política comum para uma maior relevância em política de segurança", escreve a ministra da Defesa alemã, Ursula von der Leyen, num artigo no Rheinische Post.

Para a semana, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa dos 28 estados membros reúnem-se em Bruxelas para discutir a proposta apresentada em junho pela chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, para tornar a Europa menos dependente dos EUA na garantia da sua segurança. A ideia é que os países que querem combinar as suas capacidades de defesa o possam fazer - através de um mecanismo do Tratado de Lisboa chamado "cooperação permanente estruturada" - sem haver a necessidade que todos os Estados membros estejam envolvidos.

O Reino Unido tem vetado a ideia de uma Defesa comum, mas com o brexit esse veto pode desaparecer. Quatro potências militares europeias (França, Alemanha, Itália e Espanha) defendem, contudo, por causa da eleição de Trump, o acelerar dos planos de maior cooperação fora da NATO - não propriamente de um exército comum. Enquanto isso, pedem a Trump que clarifique a sua posição não só em relação à Aliança (só dez dos 28 países da NATO gastaram, em 2015, mais de 2% do seu PIB em Defesa), mas também à Rússia - com Vladimir Putin a querer melhorar as relações com os EUA.

"O que espero que os conselheiros dele lhe digam, e o que ele tem que aprender, é que a NATO não é só um negócio", indicou Ursula von der Leyen à ZDF. "Não pode dizer que "o passado não importa, os valores que partilhamos não importam", mas tentar tirar o máximo dinheiro que pode e conseguir um bom negócio", acrescentou, lembrando que a NATO apoiou os EUA após os atentados do 11 de Setembro de 2001 - a única vez na história da aliança que foi acionado o artigo 5.º, que estabelece que o ataque a um membro é um ataque a todos.

"Na Europa, temos vivido em segurança sob a proteção nuclear americana todos estes anos, confiantes de que os EUA iriam sempre responder a qualquer ataque a um membro europeu da NATO, um compromisso que desencoraja qualquer ataque do género", escreveu o responsável pela Comissão de Assuntos Exteriores do Parlamento britânico. "Essa dissuasão está agora posta a ser posta em causa", acrescentou Crispin Blunt num artigo de opinião no The Telegraph.

"Gostaríamos de saber quais são as suas intenções em relação à Aliança", disse o líder da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que junto com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediu ao futuro inquilino da Casa Branca o "reforçar das relações transatlânticas", lembrando que "só através de uma cooperação estreita a UE e os EUA podem continuar a fazer a diferença para se lidar com desafios sem precedentes" como, por exemplo, a luta contra o Estado Islâmico.

Pouco se sabe da política externa de Trump, que tem estado a falar ao telefone com vários líderes internacionais. O primeiro foi o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, tendo a primeira-ministra britânica, Theresa May, recebido a 11.ª chamada (antes do líder francês François Hollande ou da chanceler alemã, Angela Merkel). Trump terá dito que espera ter com May uma relação próxima como a que tiveram Ronald Reagan e Margaret Thatcher.

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