Um avião ultrapassou a barreira do som e provocou pânico em Paris

"Foi muito estranho, muito alto, como se algo grande tivesse caído", disse uma testemunha. Depois do ataque terrorista da semana passada junto à antiga redação do Charlie Hebdo, a população "entupiu" as linhas telefónicas de emergência.
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Um barulho alto que deixou os parisienses em pânico nesta quarta-feira foi causado pela passagem de um avião caça a jato a quebrar a barreira do som, o que dá origem a um ruído que parece uma explosão, disseram as autoridades.

Os militares explicaram que o jato foi escalado para resgatar um avião de passageiros que perdeu o contacto de rádio e foi, por isso, autorizado a viajar em velocidade supersónica.

"Um barulho muito alto foi ouvido na região de Paris. Não foi uma explosão, foi um caça a jato a cruzar a barreira do som", disse a polícia de Paris no Twitter, pedindo às pessoas que parassem de ligar para as linhas de emergência.

O estrondo, que foi ouvido por toda a cidade e nos subúrbios, fez estremecer as janelas, e deixou os parisienses nervosos uma vez que ainda têm a memória fresca de um ataque terrorista no exterior dos antigos escritórios do semanário satírico Charlie Hebdo, ocorrido na semana passada.

"Um Rafale, a realizar uma intervenção para ajudar um avião que tinha perdido contacto, foi autorizado a quebrar a barreira do som para alcançar o avião em dificuldades", disse um porta-voz da Força Aérea Francesa à AFP.

O Ministério da Defesa disse, em nota, que o Rafale estava a ajudar um avião de passageiros ERJ 145, um avião de 50 lugares fabricada pela Embraer do Brasil, que voou de Brive, no sudoeste, a Saint-Brieuc, no noroeste.

"Apesar da altitude de mais de 10.000 metros, as condições atmosféricas fizeram com que o boom supersónico fosse sentido fortemente na área metropolitana de Paris", esclareceu o comunicado.

O contacto de rádio foi restabelecido com o avião de passageiros e este alcançou o seu destino em segurança. O mesmo caça a jato foi chamado na quarta-feira para monitorizar um avião Falcon 50 que também perdera o contacto via rádio.

A autoridade francesa da aviação civil DGAC minimizou a gravidade do incidente, dizendo que tais eventos acontecem "regularmente".

Em 2019, a Força Aérea Francesa registou 450 situações "anormais" na aviação, das quais 210 exigiram a intervenção de caças ou helicópteros.

Após o estrondo, os parisienses invadiram as redes sociais a perguntar sobre um ruído que muitos disseram ter ouvido. ter ocorrido.

O barulho foi ouvido durante o torneio de ténis de Roland Garros, no qual o jogador Stan Wawrinka, da Suíça, e o seu adversário alemão, Dominik Koepfer, pararam o jogo surpresos e aparentemente preocupados enquanto o barulho ecoava pelo estádio.

"Sim, eu ouvi. Fiquei um pouco preocupada porque pensei que algo de mau tinha acontecido", disse a também tenista ucraniana Elina Svitolina, após derrotar a mexicana Renata Zarazua no Court Philippe Chatrier.

"Olhei para o árbitro. Ele também ficou um pouco chocado porque hoje em dia nunca se sabe o que pode acontecer, o que está a acontecer", acrescentou.

"Foi muito estranho, muito alto, como se algo grande tivesse caído", disse.

Na sexta-feira passada, duas pessoas ficaram feridas num ataque perpetrado por um homem que empunhava uma faca.

O ataque aconteceu em frente aos antigos escritórios do semanário satírico Charlie Hebdo, em Paris. A agressão ocorreu três semanas após o início do julgamento dos alegados cúmplices dos ataques de janeiro de 2015 ao Charlie Hebdo e a um supermercado judeu.

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