Irão ameaça: sauditas vão pagar "preço elevado" por terem morto Nimr al-Nimr

Libano, Irão e Iemen estão revoltados com a execução. Há manifestações de protesto em países da região.
Publicado a
Atualizado a

Execução do líder xiita Nimr al-Nimr, figura da contestação contra o regime saudita, está a revoltar Libano, o Irão e o Iemen.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha manifesta preocupação com a execução do líder xiita Nimr al-Nimr. "Esta execução reforça as nossas preocupações sobre o aumento das tensões naquela região".

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros britânico já declarou que o "Reino Unido se opõe à pena de morte em todas as circunstâncias".

A Amnistia Internacional também já veio dizer que o que se passou é "profudamente errado" recordando as "sérias preocupações que manifestou sobre as acusações e o julgamento".

No twitter, Ayatollah Ali Khamenei publicou um tributo a Nimr al-Nimr condenando a execução. No seu site comparou o regime saudita ao Estado Islâmico.

[twitter:683310590962569216]

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Ansari Jaber, afirma que a Arábia Saudita vai pagar um "preço elevado" pela execução do dignitário religioso xiita Nimr Bager al-Nimr.

"O governo saudita apoia, por um lado, os movimentos terroristas e extremistas e, ao mesmo tempo, utiliza a linguagem da repressão e da pena de morte contra os seus opositores internos (...) ele [governo] vai pagar um preço elevado por estas políticas", disse Ansari Jaber, citado pela agência de notícias iraniana IRNA.

As declarações de Ansari Jaber surgem na sequência do anúncio da execução, na Arábia Saudita, de 47 pessoas condenadas por terrorismo, entre as quais a Nimr Baqir al-Nimr, figura da contestação contra o regime saudita.

Libano e Iemen já avisaram que a execução do Xeique Nimr Al-Nimr é "um erro grave que vai levar à queda da família real da Arábia Saudita".

O irmão do líder xiita também já reagiu à sua morte, advertindo que poderá desencadear uma reação de "ira dos jovens xiitas na Arábia Saudita", ao mesmo tempo que apelou à calma.

"Esta ação provocará a cólera dos jovens", disse M. Nimr à agência France Presse (AFP), acrescentando: "Espero que seja um movimento de protesto pacífico".

Há manifestações de protesto, nomeadamente, na Arábia Saudita na cidade de al-Awamiyah e em Karachi no Paquistão. No Bahrain, em particular na cidade de Sitra, há protestos violentos nas ruas.

Na Arábia Saudita, as forças de segurança estão em alerta máximo e já foram enviados, por exemplo, militares para Qatif para conter os protestos

Em defesa da decisão da Arábia Saudita, o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos declarou que as execuções são "uma mensagem clara contra o terrorismo e contra aqueles" que ameaçam a unidade da soceidade e a paz social do reino".

O Bahrain também já veio defender que são necessárias todas as medidas para "enfrentar a violência e o extremismo".

O dignitário religioso xiita Nimr Bager al-Nimr, um acérrimo crítico do regime saudita, foi condenado à morte em outubro de 2014 por rebelião, "desobediência ao soberano" e "porte de armas".

O dirigente religioso esteve na liderança dos protestos da população xiita em 2011 e 2012 no leste da Arábia Saudita, onde são maioritários, num país em que predomina o islamismo sunita, praticado por 85% dos 30 milhões de habitantes.

Estas são as primeiras execuções de 2016 na Arábia Saudita, um país ultraconservador que executou 153 pessoas em 2015, segundo uma contagem realizada pela agência France Presse (AFP) com base em números oficiais.

A lista dos executados não inclui o sobrinho de Nimr Baqir al-Nimr, Ali al-Nimr, que tinha 17 anos quando foi preso na sequência de protestos.

O comunicado do Ministério do Interior, publicado na agência oficial de notícias SPA, refere que as 47 pessoas executadas tinham sido condenadas por terem adotado a ideologia radical "takfiri", juntando-se a "organizações terroristas" e implementando várias "parcelas criminosas".

A lista também inclui sunitas que foram condenados por envolvimento em ataques reivindicados pela Al-Qaeda perpetrados no reino em 2003 e 2004 e que mataram sauditas e estrangeiros.

Na lista está um egípcio e um chadiano, sendo os restantes sauditas.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt