A onda de violência com armas de fogo que há anos afeta os Estados Unidos e que fez, em 2017, 106 mortos por dia representa uma verdadeira "crise de direitos humanos", denunciou esta quarta-feira a Amnistia Internacional (AI).."A violência com armas de fogo nos Estados Unidos é uma crise de direitos humanos. Os Estados Unidos estão a falhar na sua obrigação de proteger e promover os direitos humanos consagrados na legislação internacional", indicou a AI, num novo relatório..Sob o título "Na linha de fogo. Direitos Humanos e a crise da violência com armas de fogo nos Estados Unidos", o documento analisa o impacto que tem na população o uso deste tipo de armas, cuja posse é vista por muitos norte-americanos como um direito inalienável..Os dados recolhidos pela organização, correspondentes ao ano de 2016, demonstram que, ao longo desse período, 38.658 pessoas morreram em território norte-americano devido a armas de fogo. Destas mortes, 22.938 casos foram suicídios e 14.415 foram assassínios. Os restantes casos registados foram 495 acidentes e 510 intervenções policiais legais e em 300 casos não foi determinado o motivo..No total, refere também o documento, cerca de 116.000 pessoas foram feridas a tiro em todo o país..Este número corresponde a uma média diária de 317 pessoas feridas que conseguiram sobreviver "pelo menos o tempo suficiente para serem transportadas para o hospital", lamenta a organização de defesa dos direitos humanos..Todos estes dados, sustenta a AI, colocam os Estados Unidos à cabeça da lista dos países industrializados com mais mortes devido ao uso de armas de foro, tanto em números absolutos como em dados 'per capita'..A Amnistia culpa sobretudo por esta situação a legislação norte-americana que "não faz o suficiente para restringir o acesso às armas" nem tem um sistema unificado de fiscalização para controlar a propriedade das mesmas.