Ameaça de guerra, queda de avião, sismo, autocarro cai em ravina: as 48 horas negras no Irão

Última tragédia no Irão foi o acidente com um autocarro que terá feito pelo menos 19 mortos.
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"A tragédia da debandada no funeral do general Soleimani em Jerman e a queda de um avião de passageiros ucraniano em Teerão que matou inúmeros iranianos, incluindo um grupo de estudantes, assim como outras nacionalidades, entristece profundamente todos os iranianos. Que descansem em paz", escreveu o presidente iraniano, Hassan Rouhani, no Twitter.

A mensagem veio antes da mais recente tragédia, um acidente de autocarro que terá feito pelo menos 19 mortos. E não inclui o sismo, que não causou vítimas mortais. Uma semana trágica no Irão após a morte do general, líder da Brigada Al-Quds, força de elite dentro dos Guardas da Revolução.

Debandada no funeral de Soleimani

Na terça-feira, pelo menos 56 pessoas morreram e 212 ficaram feridas numa debandada no funeral do general iraniano Qasseim Soleimani em Kerman.

O general que tinha 62 anos foi morto num ataque norte-americano com drones no Iraque. A sua morte aumentando a tensão na região do Golfo, com Teerão a prometer vingança e a reagir com ataque de mísseis contra bases iraquianas onde estão militares norte-americanos.

No funeral, na terra natal de Soleimani, participaram pelo menos um milhão de pessoas, com dezenas a ficarem esmagadas.

Sismo junto a central nuclear

Na quarta-feira, um sismo de magnitude 4.5 atingiu uma área a menos de 50 quilómetros da central nuclear iraniana de Bushehr. O epicentro, a 10 quilómetros de profundidade, foi a 17 quilómetros a sudeste da cidade de Borazia, às 6.49 locais, tendo sido sentido na central, projetada para resistir a abalos mais fortes.

Pelo menos sete pessoas ficaram feridas, segundo a agência iraniana IRNA, mas não terá havido vítimas na central.

O Irão é propenso a terramotos quase diários. Em 2003, um sismo de magnitude 6,6 arrasou a cidade histórica de Bam, matando 26 mil pessoas. Bam fica perto da central nuclear de Bushehr que, então, não registou danos.

Queda de avião

Na quinta-feira, um Boeing 737 com 176 pessoas a bordo despenhou-se perto do aeroporto de Teerão, momentos depois da descolagem. O avião da Ukraine International Airlines tinha como destino Kiev.

Segundo as primeiras indicações, o aparelho estaria a regressar ao aeroporto por causa de um problema, apesar de a tripulação não ter emitido qualquer alerta. O avião desapareceu dos radares quando chegou aos 2400 metros de altitude.

A queda do avião ocorreu pouco depois de o Irão ter lançado mísseis contra bases norte-americanas no Iraque, em resposta à morte do general Soleimani, mas foi desde logo rejeitada qualquer ligação entre os dois acontecimentos.

Segundo testemunhas, era visível um incêndio a bordo que terá aumentado de intensidade.

A bordo seguiam 82 iranianos, 63 canadianos, 10 suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos, além de 11 ucranianos (incluindo os nove membros da tripulação).

Despiste de autocarro

Esta sexta-feira, pelo menos 19 pessoas morreram e 24 ficaram feridas quando o autocarro em que seguiam se despistou numa zona montanhosa do norte do Irão, segundo as agências de notícias iranianas.

O autocarro fazia a ligação entre Teerão e Gonbad-e Kavus, cidade histórica perto do Turquemenistão e célebre pela sua torre em tijolo do século XI, classificada como património mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Segundo os primeiros dados do inquérito, revelados pelos media locais, os travões do autocarro terão falhado, provocando a queda do veículo numa ravina.

A UNICEF diz que a taxa de acidentes de viação no Irão é 20 vezes superior à média mundial, devido à pouca qualidade das estradas e à pouca aplicação da lei. De acordo com um relatório publicado em maio de 2017 pelo jornal iraniano Financial Tribune, mais de 20 mil pessoas morrem e 800 mil ficam feridas anualmente em acidentes de viação no Irão.

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