Álvaro Dias: o candidato escolhido pelos videntes

Além de não ter ações na Lava-Jato e de estar a subir nas sondagens, o senador tem os palpites paranormais do seu lado
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Uma senhora cumpriu num só dia os perto de 3500 quilómetros de ida e volta de Teresina, no Piauí, a Brasília, no distrito federal, para bater à porta do gabinete do senador Álvaro Dias, do Podemos, e rogar-lhe que não desista da sua candidatura à Presidência da República: tinha sonhado que ele seria eleito. Demóstenes Meira, prefeito da cidade de Camaragibe, em Pernambuco, chorou ao partilhar com o candidato que tivera o pressentimento de o ver a subir a rampa do Palácio do Planalto. E estes são apenas palpites de profetas amadores.

Carlinhos, um dos principais videntes do Brasil, habitual em programas populares de televisão, sentenciou no programa online Fala Minha Gente: "A luta será acirrada com Ciro Gomes [candidato pelo PDT], mas o presidente da República será Álvaro Dias." É o mesmo paranormal que previra em julho de 2014 a queda de um avião com uma equipa de futebol - a tragédia da Chapecoense ocorreu dois anos e quatro meses depois.

Marco Feliciano, deputado, pastor evangélico e doutor em divindade da Igreja Neopentecostal, mudou de partido em abril, durante a janela de um mês em que por lei os parlamentares podem virar a casaca à vontade. Mas ao contrário da maioria não foi o dinheiro que o motivou - segundo ele, foi uma visão da sua guru espiritual norte-americana com o slogan de Obama - Yes, we can - seguido de 19, que é o número do Podemos, partido de Dias, na urna eletrónica.

Em declarações ao DN, o candidato diz que "ameniza o cansaço e o desgaste de uma campanha, tantas manifestações espontâneas de confiança vindas de várias partes do país".

Nem só do apoio paranormal vive a campanha de Álvaro Dias, experiente senador de 73 anos, no quarto mandato no Senado Federal e ex-governador do Paraná. Ao contrário da maioria dos candidatos, não tem a Operação Lava-Jato à perna e não sofre de rejeição alta, um problema que afeta concorrentes de peso, como o próprio líder das sondagens Lula da Silva. Além disso, na influente região Sul, de onde é natural, anda pelo topo das pesquisas de opinião. No geral, é quinto e a subir, segundo pesquisa desta semana da CDT/MDA.

O PSDB, cujo candidato Geraldo Alckmin, teima em não crescer nas sondagens, já cortejou o senador do Podemos, no sentido de o tornar concorrente a vice-presidente. "Fora de questão", disse Dias, lembrando-se da humilhação que sofreu em 2010 quando militava no partido. Na ocasião, fora nomeado candidato a vice de José Serra, chegou a fazer campanha mas acabou substituído por outro nome à última hora.

Também o MDB, do pré-candidato Henrique Meirelles, ministro das Finanças de Michel Temer, vem estudando a hipótese de nomear Dias como seu candidato a vice. E, Rodrigo Maia, pré-candidato pelo DEM e presidente da Câmara dos Deputados, ofereceu-lhe um almoço na sua residência oficial.

De tão bajulado, o senador acredita que sim, que pode chegar à segunda volta: "Tenho trabalhado muito para defender as minhas propostas, o cenário eleitoral ainda está muito incerto, com candidatos demais, o que acaba pulverizando o debate, mas com as convenções partidárias, a partir de junho, haverá mais clareza e espaço."

"Em sondagens recentes, o eleitor já demonstrou que quer um candidato à Presidência da República com experiência administrativa e passado limpo", prossegue Dias. "Ser ficha limpa do começo ao fim, a experiência bem--sucedida como governador do Paraná e o combate à corrupção são, pois, os meus maiores trunfos." Além, claro, de ter os videntes do seu lado.

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