Abbas recusa "vender Jerusalém" e corta "todas as relações" com Israel e EUA
Líder da Autoridade Palestiniana fez o anúncio durante uma reunião extraordinária da Liga Árabe, no Cairo, para discutir o plano norte-americano apresentado por Donald Trump esta semana. Abbas considera que este é uma "violação dos acordos de Oslo", assinados em 1993.
O presidente da Autoridades Palestiniana, Mahmoud Abbas, anunciou este sábado a rutura de "todas as relações" e compromissos de segurança com Israel e os Estados Unidos. A posição foi comunicada na sequência de uma reunião extraordinária da Liga Árabe sobre o plano de Donald Trump para a região, apresentado esta semana em Washington.
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"Não vou gravar (o meu nome) na minha história e na história da minha pátria como o que vendeu Jerusalém, porque Jerusalém não é minha, mas de todos", disse Abbas no início da reunião.
No plano de paz desenhado pela Casa Branca, a Cidade Santa é reconhecida como capital unida de Israel, apesar de Trump ter explicado que os palestinianos podem estabelecer a capital do seu futuro estado nas imediações orientais da urbe, o que Abbas rejeitou categoricamente.
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O líder palestiniano advertiu que o plano só lhes concede a zona de Abu Dis, um bairro deprimido no Leste de Jerusalém, a não toda a parte oriental da cidade, ocupada em 1967 e anexada em 1980 por Israel.
"Informamos que não haverá qualquer tipo de relação convosco [israelitas], bem como com os EUA, incluindo em matéria de segurança, à luz" do plano norte-americano, que é uma "violação dos acordos de Oslo" assinados com Israel em 1993, disse o presidente da Autoridade Palestiniana, no Cairo.
Abbas, que afirmou ter transmitido a mensagem ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apelou ao Estado hebreu para "assumir as responsabilidades como potência ocupante" dos territórios palestinianos.
Os palestinianos "têm o direito de continuar a luta legítima pelos meios pacíficos para pôr fim à ocupação", indicou Abbas, cujo poder se limita à Cisjordânia. A Faixa de Gaza está sob o controlo do movimento do Hamas.
O plano norte-americano, divulgado na terça-feira por Donald Trump, prevê a anexação de partes da Cisjordânia ocupada por Israel e suscitou a aprovação de muitos israelitas, mas provocou a cólera dos palestinianos.
Entre os vários pontos sensíveis do projeto figura a anexação por Israel dos colonatos que implantou na Cisjordânia ocupada desde 1967, em particular no vale do Jordão, que deverá tornar-se a fronteira oriental de Israel.
Os colonatos israelitas instalados nos territórios palestinianos ocupados por Israel desde 1967 são considerados ilegais pela ONU e grande parte da comunidade internacional vê neles um obstáculo maior à paz.
Se a colonização da Cisjordânia ocupada por Israel é prosseguida por todos os governos de israelitas desde 1967, o processo acelerou-se nos últimos anos, impulsionado por Netanyahu e o seu aliado em Washington, Donald Trump.