"Panama Papers" e investigação a Trump ganham prémios Pulitzer

Os mais importantes prémios de jornalismo nos EUA foram anunciados ontem à noite.

O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, o grupo McClatchy e o Miami Herald, que juntaram um grupo de 400 jornalistas para examinarem os Documentos do Panamá, receberam, na segunda-feira à noite, o prémio Pulitzer por reportagem explicativa.

Este grupo de jornalistas expôs a forma como políticos, criminosos e pessoas ricas desviam dinheiro para contas em paraísos fiscais, também designados como locais offshore, através da análise daqueles documentos, também designados pela expressão em Inglês "Panama Papers".

Esta foi a 101.ª edição destes prémios norte-americanos, que distinguem o melhor jornalismo em 2016, divulgado em jornais, revistas e sítios na internet. Existem 14 categorias para reportagem, fotografia, crítica e comentário. Nas artes, os prémios são concedidos em sete categorias, incluindo ficção, drama e música.

O diário The New York Times (NYT) venceu três prémios Pulitzer: reportagem internacional, com uma série de notícias sobre os esforços do Presidente russo, Vladimir Putin, para projetar o poder da Federação Russa; fotografia (o repórter Daniel Berehulak documentou a violência nas Filipinas) e "feature" para C.J. Chivers, distinguido pela história de um ex-combatente na guerra do Afeganistão, que sofre de 'stress' pós-traumático.

David A. Fahrenthold, do The Washington Post, recebeu o prémio de reportagem nacional pela sua questionação da alegada generosidade de Donald Trump para com organizações de solidariedade. Uma das suas descobertas foi que Trump gastou 20 mil dólares de uma organização destas que controla num retrato de si próprio, com dois metros de altura.

O jornalista Eric Eyre, da Charleston Gazette-Mail, recebeu o prémio por uma investigação que conduziu à exposição de um fluxo de opiáceos para os condados deprimidos da Virgínia Ocidental, que provocaram 1 728 mortes em seis anos.

O The New York Daily News e o ProPublica ganharam o prémio de serviço público, graças à denúncia de vários despejos abusivos.

A equipa do The East Bay Times, de Oakland, no Estado da Califórnia, recebeu o prémio pela cobertura incessante de um fogo que provocou 36 mortes e pela exposição das falhas do município, que o poderiam ter prevenido.

Os premiados na ficção

O prémio para ficção foi entregue a Colson Whitehead pela novela The Underground Railroad, centrada na realidade da escravatura no século XIX. Em declarações à agência noticiosa AP, o premiado disse: "Penso que o livro trata a supremacia branca como um erro fundacional da história do país e que está hoje presente na Casa Branca".

Olio, de Tyehimba Jess, ganhou o prémio para poesia.

Matthew Desmond, com Evicted: Poverty and Profit in the American City, recebeu a distinção na não-ficção. O livro relaciona pobreza, raça e diferenças de classes.

Na categoria de autobiografia, foi Hisham Matar a recolher a distinção, com um livro sobre a sua Líbia natal.

A Du Yun foi atribuído o prémio na categoria Música, pelo trabalho operático Angel's Bone, que assenta na realidade do tráfico humano.

Um livro sobre a revolta na prisão de Attica, em 1971, da autoria de Heather Ann Thompson, recebeu o Pulitzer da categoria de História.

Na categoria de Drama, o livro Sweat, de Lynn Nottage, explorou o tema da luta de classes, descrevendo as consequências do encerramento de uma fábrica na Pensilvânia, em termos de rutura de famílias e amizades e de um ciclo devastador de violência, preconceito, pobreza e drogas.

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