Jill Abramson. As sete vidas da ex-diretora do 'The NYT'
Depois de ter dedicado mais de 40 anos ao jornalismo, Jill Abramson tem agora em mãos um novo desafio. A ex-diretora do The New York Times, cargo do qual foi destituída em maio de 2014, é agora colunista da edição norte-americana do The Guardian. Abramson vai escrever dois artigos por semana no âmbito das eleições presidenciais norte-americanas, que se realizam em novembro.
"Durante mais de 40 anos, Jill [Abramson] tem sido uma pioneira para as mulheres no jornalismo e traz um conhecimento sem paralelo relativamente à relação entre a política e os meios de comunicação social", realçou Lee Glendinning, editor do The Guardian EUA, através de um comunicado. "Estamos muito entusiasmados por poder adicionar a sua experiência, profundidade e seriedade à nossa publicação", acrescentou.
Aos 62 anos, Jill Abramson continua a ser um dos nomes mais proeminentes e respeitados do jornalismo. Neste seu novo desafio profissional vai trabalhar em conjunto com a equipa de repórteres e colunistas da área de política, o que inclui o liveblog Campanha ao Minuto, que acompanha a par e passo os assuntos relacionados com a corrida à Casa Branca.
Aquela que foi a primeira mulher a liderar a redação do The New York Times, função que desempenhou entre 2011 e 2014, revelou, na altura, que tinha conquistado o cargo "por ser a pessoa mais qualificada para desempenhá-lo" e não por "ser mulher". Mesmo depois de ter sido despedida - foi substituída por Dean Baquet - por divergências relativamente à gestão do jornal, Abramson disse que liderar a redação "foi uma grande honra". "Em minha casa, o [The New York] Times era a verdade absoluta. Substituía a religião."
Não só não quis apagar a prestigiada publicação da sua vida como também se recusou a eliminá-la do seu corpo. Isto porque Abramson tem a letra T tatuada nas costas, em alusão ao Times, e fez saber que não irá removê-la, uma vez que faz parte da sua vida.
Licenciada em História e Literatura pela Universidade de Harvard, Abramson colaborou com a revista Time nas eleições presidenciais norte-americanas de 1976, tendo depois passado por meios de prestígio como CBS News, The American Lawyer, Legal Times e The Wall Street Journal. Aos poucos, a jornalista foi consolidando uma carreira de prestígio e reconhecimento.
Foi em 1997, durante um encontro literário, que conheceu Maurren Dowd, que trabalhava no The New York Times, e que na altura estava à procura de uma jornalista para a publicação. Abramson ofereceu-se para ocupar o lugar e trocou o The Wall Street Journal pelo Times, onde esteve até 2014.
Casada com Henry Little Griggs III - que conheceu em Harvard e com quem tem dois filhos - desde 1981, Abramson foi considerada em 2012 pela Forbes como uma das mães mais poderosas do mundo. Ficou em 10.º lugar, numa lista liderada por Hillary Clinton. Nesse mesmo ano foi considerada a 5.ª mulher mais influente do mundo.
Poucos meses depois de ter abandonado o cargo que desempenhou no The New York Times, a jornalista anunciou que ia lançar uma startup em parceria com o jorna-lista Steven Brill, fundador da CourtTV. O objetivo passava por fazer "jornalismo mordaz" através de um pagamento adiantado de cem mil euros aos jornalistas. "O que queremos fazer é completamente inédito. O objetivo é a publicação de uma grande história por ano", afirmou no final de 2014. De acordo com a Vanity Fair, o projeto acabou por não sair da gaveta. Mas não foi o fim da sua carreira, já que Abramson ganhou uma nova vida. Em janeiro lançou um livro e agora surge como colunista.