House of Cards: quarta temporada aproxima ficção da realidade

Trama regressa hoje ao TV Séries e chega domingo à Netflix Portugal. Kevin Spacey e Robin Wright falam sobre semelhanças com atualidade política dos EUA
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Os primeiros minutos do primeiro episódio da quarta temporada de House of Cards são tudo menos políticos. Serão até constrangedores para o telespectador mais sensível. Descanse o leitor e seguidor da série protagonizada por Kevin Spacey e Robin Wright: apenas faremos os spoilers essenciais para que perceba o que pode ver hoje, às 23.00, no TV Séries (e, a partir de domingo, na Netflix Portugal).

O tempo da série criada por Beau Willimon é, acidentalmente ou talvez não, o tempo da agenda política dos Estados Unidos. Frank Underwood (Kevin Spacey) está em plena campanha eleitoral para as primárias. A reeleição é o objetivo, mas o implacável e corrupto presidente dos EUA depara-se com vários obstáculos de peso: Heather Dunbar, a outra candidata do Partido Democrata e o recém-chegado Will Conway, candidato republicano que vive um momento particularmente positivo junto do eleitorado e dos media. Para acicatar ainda mais a perfídia de Frank, Claire não está disposta a seguir os planos delineados e quer, por assim dizer, ganhar asas e voar. A personagem interpretada por Kevin Spacey encontra-se numa encruzilhada política e pessoal.

Em conferência de imprensa internacional, na qual o DN participou, Spacey evita cautelosamente as comparações com a atualidade política norte-americana. "Existe o mundo real e o mundo da ficção e eu trabalho no mundo da ficção e não estou interessado em envolver-me nessas questões. Acho que já há demasiadas atenções centradas nesses assuntos", salienta. Questionada sobre a popularidade de Donald Trump na corrida às presidenciais, Robin Wright salienta: "A realidade é mais estranha do que a ficção neste momento. Deixa-me surpreendida. E claro, na ficção há coisas dramáticas que nos deixam "oh meu Deus, isso é de loucos...". Estamos a ficcionar um drama político. Mas mesmo assim, vemos esse tipo de coisas no mundo real".

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Barack Obama é um dos muitos políticos que já manifestou publicamente a sua predileção por House of Cards. Robin Wright revela, a propósito dos telespectadores da classe política, um episódio curioso, sempre sem revelar o nome da personalidade em questão.

"Trata-se de um político muito importante e conhecido que estava sentado ao meu lado num evento. Logo depois da primeira temporada ter sido lançada, ele disse-me: "adoro a série, é a melhor série de sempre. Eu e a minha mulher vimos os episódios em maratona na noite em que a temporada foi lançada"", recorda a atriz, prosseguindo o relato: "Eu perguntei-lhe: "Quão verosímil acha que é a série?". E ele disse: "Oh, uns 99%". E eu: "A sério?! Uau! O que representa esse 1%?". Estava a pensar que ele não iria matar uma jornalista, não a iria atirar para a linha do metro [referência ao homicídio de Zoey Barnes, na segunda temporada]. E ele responde-me: "Bom, o 1% que me pareceu inverosímil foi a lei da educação. Nunca iria ser aprovada com aquela rapidez". E eu não conseguia parar de rir porque não tinha nada a ver com o assassinato", recorda Wright.

Quinta temporada garantida

Em janeiro, a Netflix, que produz e detém os direitos de House of Cards, confirmou que o drama político terá, em 2017, uma quinta temporada. Foi também revelado que Beau Willimon, criador e guionista da série, abandonaria o projeto para se dedicar à escrita de uma peça de teatro. "Vou sentir muitas saudades dele. Consigo perceber que ele esteja cansado. Tem sido uma maratona para ele, ser o showrunner e guionista principal. O nosso trabalho agora vai ser fazer tudo que pudermos para honrar a série que ele criou. Vamos sentir a falta dele", afiança Kevin Spacey.

Um dos mais fortes elementos de atração de House of Cards (que já arrecadou seis prémios Emmy e dois Globos de Ouro) tem sido a dinâmica, muitas vezes esquizofrénica, tantas outras vezes cruel, da relação de Frank e Claire. "Tem sido uma viagem incrível criar a relação que estas personagens mantêm ao longo de tantos anos. E o prazer que o público tem tido, fruto da complexidade deste relacionamento. No final da terceira temporada, eles tiveram uma discussão. E vamos vê-los debaterem-se com esses problemas e a descobrirem se são mais fortes juntos ou separados", explica Kevin Spacey. A dinâmica do casal presidencial é também relatada por Robin Wright. "O facto do Frank e da Claire serem um macho alfa e uma fêmea alfa requer e causa conflitos e dinâmicas interessantes. E é isso que é tão fantástico neste duo, é que eles são uma equipa. E se eles se dessem sempre bem e fizessem sempre o melhor um para o outro, não havia muito drama na série. Eles alimentam-se e crescem um com o outro", explica a atriz.

"A televisão tornou-se um espaço muito interessante para contar histórias", afirma Kevin Spacey, a propósito da importância que House of Cards teve, ao marcar um antes e um depois na produção de ficção televisiva (foi o primeiro projeto próprio da Netflix). A partir de amanhã, a série vai passar a estar disponível também na Netflix Portugal. Recorde-se que, até agora, House of Cards era transmitida no nosso país apenas pelo canal de cabo por subscrição TV Séries.

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