Viseu desafia artistas a trabalharem Linho de Várzea de Calde
"O linho estava muito ligado aos usos quotidianos da casa, de elementos decorativos, até elementos práticos do quotidiano das comunidades rurais. Hoje, o desafio é estender e desenvolver novas aplicações do linho no quotidiano contemporâneo", disse o vereador da Cultura da Câmara de Viseu, Jorge Sobrado, que falava à agência Lusa a propósito da apresentação do selo oficial do Linho de Várzea de Calde.
Sem qualquer pretensão de o transformar num produto industrial, há o desafio de o produto "se desenvolver em novas aplicações, seja da moda, seja das artes decorativas, num padrão de elevada qualidade que faça justiça à natureza distintiva do produto", explicou Jorge Sobrado.
Nesse sentido, serão convidados artistas e criadores para desenharem novos produtos a partir do Linho da Várzea de Calde, entre os quais Cristina Rodrigues, artista plástica que assina o selo oficial deste linho, referiu.
A artista plástica tem vindo a trabalhar com a autarquia no sentido de "valorizar o linho" daquela comunidade, acrescentou o vereador.
De acordo com Jorge Sobrado, Várzea de Calde "é uma comunidade única no país", em que todo o ciclo do linho - da sementeira à tecelagem - "é preservado e praticado".
"Não existe mais nenhum local que desenvolva o ciclo integral do linho", o único produto têxtil que "é resistente a qualquer espécie de pragas", frisou.
De acordo com o autarca, o desafio agora lançado de reinventar e reinterpretar o produto poderá permitir aumentar a capacidade de produção, que, neste momento, "ronda pouco mais de 100 metros por ano".
"A produção acompanhará o ritmo e o interesse pelo produto", explicou, salientando que Viseu pretende internacionalizar o produto, sem deixar de preservar a sua identidade.
De momento, há cerca de 20 mulheres ligadas à Cooperativa do Linho e ao Grupo Etnográfico de Várzea de Calde, sendo que "cerca de metade são artesãs ativas", afirmou.