Turismo do Algarve promove estudo para desenvolver nicho culinário e enológico
O estudo foi encomendado pela Região de Turismo do Algarve (RTA) e realizado por uma equipa da Universidade do Algarve, coordenada pela investigadora Cláudia Almeida, que disse à agência Lusa ter feito uma análise sobre o que está a ser feito nesta área em mercados concorrentes para poder "estruturar uma oferta" que permita avançar neste tipo de turismo.
"O estudo de turismo culinário e enológico surge agora num momento em que se valoriza cada vez mais a culinária e a enologia enquanto um recurso cultural, no fundo um meio de expressão da cultura do povo, dos seus usos e costumes, e como forma também de os turistas experienciarem esta atmosfera do local que visitam e de forma a criarem memórias dessa viagem que seja marcantes", disse à Lusa, por seu turno, o presidente da RTA, João Fernandes.
O responsável máximo do Turismo do Algarve disse que este tipo de turismo "estimula também a economia local a todos os níveis, porque cria uma economia circular" que "envolve vários produtores, restaurantes, bares", mas também "outras atividades conexas e complementares".
"Pode também ser a apanha de figo e o elaborar de figos secos", deu ainda como exemplo Cláudia Almeida, frisando que este tipo de turista "viaja quatro a cinco vezes por ano" e procura "experiências" que lhe permitam estar em contacto com os produtos e conhecer a cultura locais.
"O turistas culinário procura essencialmente férias em que possa fazer alguma coisa, como cozinhar, utilizar utensílios - como uma cataplana, uma faca de cortar presunto ou as máquina que em Itália se utilizam para fazer massa fresca -, gosta de interagir com pessoas e locais para entender tudo o que é o contexto daquela receita, para perceber a origem, a história e todo o processo de produção que está por detrás daquele produto", exemplificou a coordenadora do estudo.
Além disso, como tem alguma capacidade económica, este turista compra "souvenirs culinários e vinhos" e "gosta também de fazer outras coisas, como participar em excursões temáticas ligadas a culinária, visitas a mercados, a quintas -- e aí ajudam na apanha de alimentos, legumes, frutas ou em todo o processo da vindima e de pisa da uva", acrescentou.
"Temos muito património que pode estar associado a este nicho turístico, não só no Algarve, mas também em Portugal", disse a coordenadora do estudo, que fez também uma análise do que está em curso nesta matéria em mercados concorrentes.
João Fernandes também frisou que o estudo vê como em Portugal se pode "desenvolver esta abordagem" em "comparação com destinos concorrentes, como a Itália, a França, a Grécia e a Espanha, que já tem algumas ofertas estruturadas" nesta área e podem ser tidas como exemplos para se adaptar a oferta à particularidade e singularidade da realidade portuguesa.
"Portugal também as tem, mas ainda está a desenvolver esta primeira fase de abordagem ao mercado", disse João Fernandes, frisando que é necessário adaptar a oferta para estadias mais curtas do que o habitual na região, porque estes turistas viajam "muitas vezes por ano, mas entre dois a cinco dias", em vez de viagens de sete a 15 dias.