Timor Leste lembra na ONU percurso desde independência e papel de António Guterres

Timor Leste lembrou hoje durante o seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, o percurso feito desde a sua independência e o papel que António Guterres teve na luta pela autodeterminação do país.
Publicado a
Atualizado a

A embaixadora do país junto da ONU, Maria Helena Pires, disse que era uma "feliz coincidência" fazer o discurso no dia em que se celebram 18 anos em que uma força internacional mandada pela ONU chegou a Timor Leste "para acabar com o derramar de sangue e abrir caminho para a obtenção da independência nacional num referendo supervisionado pela ONU."

"Em nome do povo timorense, reitero a minha gratidão sincera às Nações Unidas, aos seus funcionários e aos civis que, sob a bandeira da ONU, protegeram inocentes e salvaram vidas", disse a embaixadora.

Pires lembrou ainda a presença hoje na ONU de um "ator principal" deste processo.

"Enquanto primeiro-ministro de Portugal, a ação de António Guterres, guiada por valores e imperativos éticos, foi decisiva para que a história de Timor Leste seja considerada um sucesso", garantiu a diplomata.

Maria Helena Pires lembrou que o país celebra este ano 15 anos da sua independência e disse que sua história recente "lembra, de forma vivida, que quando os valores cívicos que fundam a ONU assumem a lideranca, e inspiram decisões, a ONU e a lei internacional se tornam forças poderosas e decisivas para resolver conflitos e restaurar a paz."

A embaixadora indicou depois alguns números que ilustram o caminho percorrido por Timor Leste: desde 2002, a taxa de mortalidade infantil desceu para metade, a esperança media de vida subiu de 60 para 68 anos e a sua qualificação no Índice de Desenvolvimento Humano quase duplicou de 0.375 para 0.610.

"O objetivo que estabelecemos, em 2011, é pertencermos o grupo dos países de rendimento médio até 2030, erradicar a pobreza extrema e estabelecer uma economia diversa e sustentável não baseada no petróleo", explicou a representante.

A embaixadora disse ainda que "a democracia tem sido fortalecida, eleição após eleição, com altas taxas de participação" e que o Índice Democrático classifica o pais como a nação mais democrática do Sudoeste Asiático.

Em relação à paridade de género, Pires disse que um terço dos membros do Parlamento são mulheres mas que, "ainda assim, a proteção de mulheres contra a exploração e o avançar do seu papel na sociedade ainda carece de desenvolvimento de políticas que promovam a igualdade."

A embaixadora lançou ainda dois apelos: pela autodeterminação do povo do Sahara Ocidental e pelo fim do embargo a Cuba, que classificou de uma "situação anacrónica massivamente rejeitada pela comunidade internacional."

"Tenho muito prazer em informar esta Assembleia Geral de que Timor Leste e a Austrália têm feito progresso significativos - decisivos, mesmo - nas conversações para demarcar a nossa fronteira oceânica", disse ainda a embaixadora.

Maria Helena Pires deixou, no final, um reconhecimento do papel da comunidade internacional no percurso do país e um apelo para que essa ajuda continue.

"Não teríamos chegado tão longe sem estas parcerias. Hoje, a ajuda dos nossos parceiros é igualmente preciosa para acelerarmos os esforços de diversificação da económica, desenvolvimento do setor produtivo e melhoria dos nossos serviços públicos, assim como melhorar os indicadores sociais e económicos do nosso povo", concluiu a timorense.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt