Queda de Wall Street coloca indices em 'mercado urso' e fase de correção
Estas evoluções ameaçam terminar com mais de nove anos de 'bull market' ('mercado touro'), relativo a um mercado em expansão, considerou-se num trabalho da agência AP.
Um 'mercado urso' distingue-se de um mercado em correção pelo facto de aquele pressupor uma queda de um índice ou título 20% ou mais do seu máximo e este ocorrer quanto a desvalorização é de 10% ou mais.
As correções são normais durante os 'mercados touro', sendo até consideradas desejáveis. A sua ocorrência permite remover a 'espuma especulativa' depois de uma acentuada valorização e dá aos investidores a hipótese de comprarem 'stocks' (ações) a preços mais baixos.
Todos os principais índices de Wall Street -- S&P500, Dow Jones Industrial Average e Nasdaq -- entraram em correção este mês.
Na sexta-feira, o Nasdaq caiu mesmo para território do 'mercado urso', em resultado de uma forte tendência de vendas de 'papéis' como os da Apple, da casa-mãe da Google, a Alphabet, e outros nomes de peso do índice tecnológico.
Este foi o primeiro ano desde a II Guerra Mundial que o S&P500 passou por duas correções no mesmo ano civil.
Dito isto, o seletivo Dow perdeu na sexta-feira 414,23 pontos, para os 22.445,37. Isto significa que este índice está 16,3% abaixo do máximo de 26.828,39 unidades, que estabeleceu em 03 de outubro.
O alargado S&P500 recuou 50,84 pontos, para os 2.416,58. Está agora 17,5% abaixo do seu recorde de 2.930,75 estabelecido em 20 de setembro.
O tecnológico Nasdaq desvalorizou 195,41 pontos para os 6.332,99. Significa isto que está 21,9% abaixo dos inéditos 8.109,69 que atingiu em 20 de agosto.
Esta situação preocupa os investidores, uma vez que receiam cada vez mais que os lucros das empresas, que baseiam os ganhos bolsistas, estejam a enfraquecer.
Os lucros foram extremamente elevados em 2018, graças aos cortes de impostos. Por exemplo, os lucros das empresas integrantes do S&P500 aumentaram 21,7% no terceiro trimestre, depois de uma subida de 25,2% no segundo.
Mas, uma série de ameaças aos lucros das empresas têm-se acumulado nos últimos tempos, como a guerra comercial promovida pelo governo de Donald Trump.
E há sinais crescentes de que a economia internacional está a arrefecer. O ritmo de crescimento económico na China enfraqueceu e a Alemanha teve o seu primeiro declínio trimestral desde 2015.
Com referência ao S&P500, o índice mais seguido pelos investidores, pela sua representatividade, houve 22 correções desde 1945, excluindo a atual, e 12 'mercados urso', quantificou o economista que dirige a estratégia de investimentos da CFRA, Sam Stovall.
Significa isto que as correções evoluem para 'mercado urso' em menos de 40% das situações.
A última vez que o S&P500 esteve em situação de 'mercado urso' foi de 09 de outubro de 2007 a 09 de março de 2009. Neste período de 17 meses, quando irrompeu a crise do crédito imobiliário, a designada crise do 'subprime', que provocou uma contração do crédito, o índice caiu 56,8%.
O levantamento da AP apurou ainda que, em média, o 'mercado urso' durou 14 meses no período subsequente à II Guerra Mundial, enquanto as correções de mercado duraram uma média de cinco meses.
O índice S&P500 caiu em média 33% durante os 'mercados urso' destes anos. O maior declínio desde 1945 ocorreu durante a crise 2007-2008.
Considera-se que um 'mercado urso' termina quando um título ou índice apresenta um ganho de 20% em relação ao seu ponto mais baixo, ganhos estes sustentados durante um período mínimo de seis meses.
Em média, um 'mercado touro' dura quatro anos e meio. O atual já se prolonga há quase dez anos.
O 'mercado urso' mais curto, no caso do S&P500, foi em 1990. Durou quase três meses, durante os quais perdeu 20%. Ao contrário, o mais prolongado arrastou-se durante 61 meses, que acabou em março de 1942, e cortou 60% a este índice.