Próximo Sínodo dos Bispos enfrenta desafio de entender os jovens
O Vaticano apresentou hoje a próxima assembleia de Bispos, com o tema "Juventude, fé e discernimento vocacional", tendo o cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo, afirmado que esta questão "é um desafio, mas a Igreja não tem medo de enfrentar esses desafios que são sempre difíceis e cheios de obstáculos".
Um dos relatores gerais, o cardeal brasileiro Sérgio da Rocha, explicou que durante o Sínodo serão estudadas as razões que levam a afirmar que os jovens estão afastados da Igreja.
Os jovens, disse o cardeal, dizem-nos abertamente que "em muitos casos não se sentem próximos, especialmente nos momentos mais difíceis do seu crescimento humano".
O papa Francisco admitiu durante uma reunião com jovens na recente viagem aos países bálticos que estes sentem que a igreja nada tem a oferecer e que não entende os seus problemas.
"Eles (os jovens) estão indignados com os escândalos sexuais e económicos que não são claramente condenados, com a nossa falta de preparação em apreciar a vidas e as sensibilidades dos jovens, e com o papel passivo que lhes atribuímos", disse o papa aos jovens católicos, luteranos e ortodoxos na recente viagem aos bálticos.
Durante a conferência de imprensa para a apresentação do Sínodo, Baldisseri fez referência à presença de jovens na assembleia que lidará com seus problemas.
Baldisseri especificou que a novidade é que esses 36 jovens, vindos de todo o mundo, se sentarão para debater e poderão contribuir com as suas ideias, embora não possam votar uma vez que esta é apenas uma prerrogativa dos bispos.
Na XV Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que se inicia na quarta-feira e termina a 28 de outubro, participam ainda dois bispos chineses.
A participação dos bispos chineses foi confirmada pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, indicando que o convite foi endereçado pelo papa Francisco.
A presença de dois bispos chineses no Vaticano representa o desanuviar das tensões entre a China e a Santa Sé, depois da assinatura, em Pequim, de um acordo provisório para a nomeação de bispos, principal motivo do conflito entre os dois Estados.
Os laços diplomáticos entre a China e o Vaticano são inexistentes desde 1951, após a excomunhão por parte de Pio XII de dois bispos designados por Pequim, facto ao qual as autoridades chinesas responderam com a expulsão do núncio apostólico, que se estabeleceu na ilha de Taiwan.
A China, por sua vez, não reconhece o papa e tem a sua própria Igreja Católica Patriótica desde 1949, quando Mao Zedong estabeleceu a República Popular da China.
No entanto, as relações bilaterais entre a China e o Vaticano registaram uma certa reaproximação no início do pontificado de Francisco e as partes expressaram, em várias ocasiões, disponibilidade para melhorar os laços.