Protocolo de saúde na Guiné-Bissau é exemplo da nova cooperação - Secretária de Estado

A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação considerou que o protocolo assinado hoje em Lisboa para reduzir a mortalidade materna e infantil na Guiné-Bissau é o "exemplo perfeito" da nova política de cooperação portuguesa.
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O protocolo de colaboração entre a Organização Não Governamental de Desenvolvimento (ONGD) Instituto Marquês de Valle Flôr e os Serviços Médicos Cubanos visa a integração de enfermeiros e médicos cubanos na atual equipa clínica do Programa Integrado para a Redução da Mortalidade Materna e Infantil (PIMI II) na Guiné-Bissau, que conta já com especialistas de saúde portugueses e guineenses.

O Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) terá um encargo financeiro de oito milhões de euros, mas este valor é financiado a 90% pela União Europeia, com o apoio do Instituto Camões.

"Este projeto permite ilustrar as grandes prioridades da política portuguesa em matéria de cooperação para o desenvolvimento. A primeira delas tem a ver com o direcionamento que fazemos da cooperação portuguesa para os países africanos de língua portuguesa e para Timor-Leste", disse a secretária de Estado Teresa Ribeiro na cerimónia de assinatura do protocolo.

A governante enalteceu o facto de se tratar de um projeto de saúde, "uma área complementar absolutamente essencial na vidas das populações" e salientou que se fará através da agregação de uma ONGD.

"Isto permite que o investimento público seja catalisador de outros financiamentos que o Instituto Valle Flor foi capaz de ir buscar. Isso para nós é fundamental também, não só porque contribui para o fortalecimento das ONGD, como nos permite estar no campeonato internacional", disse Teresa Ribeiro.

Em suma, referiu, trata-se de cooperação triangular, com a União Europeia a financiar um projeto de saúde materno-infantil que especialistas portugueses e agora cubanos (ao abrigo de um protocolo com a Instituto Marquês de Valle Flôr) vão desenvolver no país recipiente, a Guiné-Bissau.

"Nós temos feito um esforço enorme para sermos interlocutores e protagonistas ativos em matéria de cooperação triangular. Entendemos que será o tipo de cooperação de excelência no futuro", salientou Teresa Ribeiro.

Assim, acrescentou, nenhum outro projeto "poderia ser mais ilustrativo e exemplar daquelas que são as grandes orientações do novo modelo de cooperação que anunciámos no início de 2016".

Presente na cerimónia, o embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Hélder Vaz, considerou a iniciativa "um bom projeto", "em linha com aquilo que são as prioridades para a saúde definidas no documento de Estratégia Nacional para a Redução da Pobreza [da Guiné-Bissau]" ou o Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário II.

"Infelizmente a contínua desconstrução política [na Guiné-Bissau] tem sido um grande obstáculo a que o país consiga realizar aqueles que são os seus objetivos de desenvolvimento", disse o embaixador.

Hélder Vaz disse à margem da cerimónia que o seu comentário se referia à situação política no seu país desde a guerra civil de 1998.

"O Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário I foi formulado em 1997. Ora a guerra [civil] começou em 1998 e provocou o atraso de tudo quanto são programas de desenvolvimento. Assim, este projeto vai encontrar um país com estruturas mais frágeis", realçou o diplomata.

"As estruturas de saúde que deveriam ter sido reabilitadas ao longo dos anos não o foram por causa deste contexto", concluiu.

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