Parceria da Cultura com Novo Banco soma 37 obras cedidas a 20 museus
A parceria anunciada em 2018 entre o Estado e o Novo Banco vai somar até ao primeiro semestre deste ano um total de 37 obras cedidas a 20 museus de 14 regiões do país, foi hoje anunciado, em Lisboa.
O balanço do acordo foi hoje apresentado no Museu de Arte Popular (MAT), pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, e o presidente do Conselho de Administração do Novo Banco, António Ramalho, na presença de alguns diretores de museus que acolheram obras da coleção daquela instituição bancária.
No ano passado, o Novo Banco Cultura, marca que representa as quatro principais coleções da entidade, cedeu 22 obras de arte a 12 museus de nove regiões do país, estando previsto um novo programa para o primeiro semestre deste ano.
"Arte e cultura partilham-se", defendeu, na sessão, António Ramalho, acrescentando que o objetivo do Novo Banco é "ativar e vivificar a descentralização das obras de arte, para que fiquem acessíveis ao público, e dar-lhes mais visibilidade".
O protocolo faz parte de uma estratégia do Novo Banco - adquirido pelo fundo norte-americano Lone Star - para realizar parcerias com entidades públicas e privadas, como museus e universidades, para depósito do seu património cultural e artístico.
O património cultural e artístico do Novo Banco inclui a Coleção de Pintura, com cerca de cem quadros do século XVII ao século XX, a Biblioteca de Estudos Humanísticos de Pina Martins, que está à guarda da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a Coleção de Numismática, e a Coleção de Fotografia, que o presidente do Novo Banco qualificou como "a joia da coroa".
Para este ano, segundo a ministra da Cultura, estão já previstas cedências para o Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, de dois mapas portulanos do século XIX da autoria de José Fernandes Portugal, e de duas pinturas de José Júlio de Souza Pinto para o Museu de Angra do Heroísmo, até ao final desta semana.
Para 19 de fevereiro está prevista a cedência de uma pintura flamenga do século XVII para o Museu Municipal de Faro e em 27 de abril uma pintura francesa do século XVIII para o futuro Museu de Peniche.
Até ao final do primeiro semestre, uma pintura flamenga do século XVII irá para o Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, pinturas portuguesas do século XVII vão para o Museu Regional Rainha D. Leonor, em Beja, pinturas portuguesas do século XX para o Museu Municipal do Crato e uma pintura europeia do século XVIII para o Museu de Lamego.
Graça Fonseca sublinhou ainda que "foi assumida a garantia de permanência deste património em Portugal, a sua preservação e partilha das coleções".
"Esta parceria é uma mais-valia que dinamiza os espaços culturais, promove a sua descentralização pelo país e a criação de novos públicos", frisou.
Durante a sessão, alguns diretores de museus do país que já receberam obras cedidas pelo Novo Banco elogiaram a iniciativa da administração, no sentido de descentralizar as obras da sua coleção de arte.
Silvana Bessone, diretora do Museu Nacional dos Coches, recordou que a pintura a óleo do século XVIII "Entrada Solene, em Lisboa, do Núncio Apostólico Monsenhor Giorgio Cornaro", considerada a obra mais importante do núcleo de pintura do Novo Banco, ficou exposta em permanência através de um contrato de depósito.
"É uma obra importantíssima e tem sido muito elogiada pelo público", disse a diretora do museu, indicando que em breve será alvo de uma operação de limpeza numa tentativa de apurar o nome do autor, que continua por conhecer.
A obra -- que marcou o início da parceria - representa um raro registo iconográfico que dá a conhecer um cortejo seiscentista que inclui coches e liteiras, semelhantes aos que estão expostos no museu.
A Biblioteca de Estudos Humanísticos de Pina Martins já foi exposta na Fundação Calouste Gulbenkian e encontra-se depositada na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, de modo a permitir o seu estudo e consulta.
Esta biblioteca compreende mais de mil livros antigos, a maioria do século XVI, além de nove incunábulos, dos primeiros tempos da imprensa, assim como perto de uma centena de obras com origem no humanista Aldo Manuzio.
Do património do Novo Banco também faz parte a Coleção de Numismática, que se encontra na sede da instituição, em Lisboa, e sobre a qual foi igualmente aberto um processo de classificação como Tesouro Nacional, pela Direção-Geral do Património Cultural, em 2015.
Esta coleção compreende mais de 13 mil exemplares, acompanha a emissão de moeda ao longo de 2.000 anos, desde a Antiguidade, antes da fundação da nacionalidade, assim como de toda a História de Portugal, incluindo emissões de antigas colónias, como Brasil, Índia, Moçambique e Angola.
Na Coleção de Pintura encontram-se, entre outras, obras dos séculos XVI e XVII até ao século XXI, de artista portugueses e estrangeiros, e a Coleção de Fotografia Contemporânea reúne cerca de mil obras de 300 artistas de 38 nacionalidades.