Orquestra Académica Metropolitana "ultrapassou as expectativas iniciais" - maestro

A Orquestra Académica Metropolitana, a celebrar 25 anos, "revelou-se artisticamente e ultrapassou as expectativas iniciais", afirmou à agência Lusa o seu maestro titular, Jean-Marc Burfin, que a acompanha desde a sua criação.
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A Orquestra Académica Metropolitana (OAM) é um dos corpos artísticos da Associação de Música, Educação e Cultura (AMEC-Metropolitana), e tem como base para a sua constituição todos os alunos da Academia Nacional Superior de Orquestra (ANSO), apresentando-se numa temporada autónoma e com a Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML), à qual se junta nos concertos sinfónicos.

Em entrevista à agência Lusa, o maestro Jean-Marc Burfin salientou "o objetivo pedagógico", assumido na sua criação, "mas um outro veio a revelar-se por si próprio, com o passar do tempo, que foi o lado artístico", apresentando-se em concerto.

Para a ANSO, que "tem a especificidade de formar músicos para orquestra, e não solistas", uma orquestra é "fundamental para a formação".

A OAM "é uma orquestra de estudantes de nível superior, com orientações pedagógicas específicas, mas também tem essa 'promiscuidade', que permite, a qualquer altura, um estudante ir tocar à orquestra profissional [a OML], além de assistir aos ensaios [da OML] com os diferentes maestros".

O repertório da OAM liga-se à componente pedagógica, e daí incluir "aquelas obras que são as grandes referências da música erudita, os compositores essenciais, logo não é muito vanguardista na sua programação".

O curso de instrumentista de orquestra na ANSO tem a duração de três anos, durante os quais o músico deve ter um conhecimento musical desde o século XVIII, da síntese do Barroco ao classicismo de Joseph Haydn e Mozart ou à emergência do Romantismo, com Ludwig van Beethoven, até à denominada Segunda Escola de Viena, das primeiras décadas do século XX, com compositores como Arnold Schoenberg, Anton Webern e Alban Berg.

Quando da sua criação, a ANSO evidenciou-se como "formadora de instrumentistas para a prática orquestral, pois o ensino da música, em Portugal, era muito vocacionado para a prática personalizada da música, o dito solista". Burfin sublinhou que esta possibilidade pedagógica "oferece a garantia de um futuro profissional".

"Esta hipótese é mais prática e realista, permitindo uma maior estabilidade profissional", daí "a elevada taxa de empregabilidade dos alunos da ANSO, que ronda os 100%", qualificando como "residual" a taxa percentual de músicos que conseguem uma carreira como solistas.

O maestro qualificou como "visionário" este projeto de conceber uma estrutura que, além de uma orquestra profissional, incluísse o ensino da música em ambiente de orquestra e uma orquestra constituída por alunos, que é um instrumento pedagógico.

Atualmente, além da ANSO, a AMEC-Metropolitana integra um Conservatório de Música e a Escola Profissional.

Na ANSO estão matriculados 102 alunos, o universo em que assenta a OAM. Jean-Marc Burfin realçou que "da tradicional supremacia numérica de candidatos para instrumentos de sopro, assiste-se atualmente, a um equilíbrio com o naipe de cordas".

Esta supremacia de músicos de sopros -- tuba, trombeta, trompa, clarim --, em Portugal, é justificada sobretudo pelo ensino da música, maioritariamente, se iniciar em bandas filarmónicas.

A ANSO inclui o curso de maestro, de onde, entre outros, sairam Joana Carneiro, Pedro Neves, Alberto Roque e José Brito.

Quanto a músicos, Jean-Marc Burfin citou Ana Teresa Pereira, atualmente concertino da OML, José Pereira (violino), Ana Valente (piano), Marco Pereira (violoncelo), entre outros.

A ANSO funciona atualmente no edifício da AMEC, mas "precisa de mais espaço, pois o projeto cresceu mais que o edifício", construído de raiz para a fábrica Standart Elétrica, à Junqueira, em Lisboa, em frente ao rio Tejo.

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