Movimentos sociais convocam protestos contra comemoração do golpe militar no Brasil
A comemoração do golpe militar que mergulhou o Brasil numa ditadura que durou 21 anos gerou uma polémuca no país, depois de o Presidente brasileiro ter informado, através do seu porta-voz, o general Otávio Rêgo Barros, que restabeleceu as comemorações militares em 31 de março de 1964, data em que as Forças Armadas depuseram o ex-Oresidente João Goulart.
A comemoração havia sido retirada do calendário militar em 2011 pela então Presidente Dilma Rousseff, que foi militante política e foi presa e torturada durante a ditadura.
A ideia de voltar a celebrar o golpe de 1964 gerou inúmeras críticas de movimentos sociais, partidos políticos e organizações.
Na cidade de São Paulo, a maior do Brasil, haverá um ato contra a ditadura militar no sábado (30) nas imediações do prédio do antigo Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), onde centenas de pessoas críticas do governo militar foram torturadas durante a ditadura.
O Partido da Causa Operária (PCO) convocou um "Ato contra a celebração do golpe de 64" na Avenida Paulista, zona central de São Paulo, no domingo (31).
Outro ato, chamado "Caminhada do Silêncio", organizado pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, acontecerá no mesmo dia no parque Ibirapuera.
O ato reunirá manifestantes numa caminhada em direção ao Monumento pelos Mortos e Desaparecidos Políticos, que terminará com uma vigília em homenagem aos mortos pelo regime militar.
Os movimentos sociais Conlutas e Central Sindical Popular convocaram o protesto "Ditadura Nunca Mais!" na Candelária, zona central da cidade do Rio de Janeiro.
Os organizadores informaram que convocaram o ato por não aceitarem que "o Estado Brasileiro comemore o golpe que impôs medo e terror na sociedade, fechou o Congresso e silenciou muitas vozes sob mortes e torturas bárbaras praticadas por agentes do Estado".
Em Brasília, a Central Unificada dos Trabalhadores (CUT) anunciou a realização de um ato no domingo, no eixo Rodoviário Norte, alegando: "Não há nada a comemorar e muito a denunciar! A ditadura torturou, assassinou, foi entreguista e elitista! Foram anos de repressão, inflação, arrocho salarial e retirada de direitos do povo. Não esqueceremos, para que nunca mais aconteça!".
Para domingo (dia 31), estão convocadas ações para outras cidades do Brasil como Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife, contra as comemorações do dia em que a ditadura militar foi instaurada no Brasil em 1964.
Não há divulgação oficial sobre como serão as comemorações realizadas pelo militares em homenagem ao 31 de março de 1964.
Segundo informações divulgadas pela imprensa brasileira, foram enviados convites pelos comandos militares do país para solenidades fechadas que acontecerão esta sexta-feira.
Nestes convites, a ocasião é tratada como "Revolução Democrática de 31 de março de 1964".
Segundo dados da Comissão da Verdade, um grupo criado para investigar os crimes cometidos pelo Estado brasileiro na ditadura militar, foram depostos 4.841 políticos após o golpe de 1964.
A mesma comissão chegou à conclusão que pelo menos 20.000 pessoas foram torturadas e 434 acabaram assassinadas ou estão desaparecidas porque opuseram-se ao regime militar, que governou o Brasil de 1964 até 1985.